Joan Laporta, presidente do BarcelonaFoto: PAU BARRENA/AFP

O Conselho Superior do Esporte da Espanha participará da investigação do escândalo de corrupção que envolve o Barcelona. O secretário de Estado para o Esporte na Espanha, José Manuel Franco, anunciou nesta segunda-feira (13) a participação da instituição e cobrou esclarecimentos sobre os pagamentos do clube catalão ao ex-árbitro e vice-presidente da Comissão de Arbitragem, Enríquez Negreira. 
Segundo o Ministério Público, o Barcelona desembolsou cerca de 7,3 milhões de euros (R$ 41,1 milhões na cotação atual) para Enríquez Negreira entre 2001 e 2018. Os valores não teriam sido aprovados pela Assembleia Geral e, desta forma, não possui respaldo legal. Agência Triburária da Fazenda da Espanha suspeita que Negreira usou 550 mil euros para pagar outras pessoas. 
"O Ministério Público já denunciou perante o Juízo de Instrução, e o caso tem que ser admitido para processo. No momento em que isso ocorrer, vamos atuar neste caso. Atuaremos com a maior contundência, uma vez que termine o trabalho do Ministério", disse José Manuel Franco, durante entrevista ao "Programa de AR".
"Esse tema cai mal para o esporte espanhol. Um clube não paga assim, do nada, a um vice-presidente da arbitragem. Há que se investigar, e eu pediria ao Barcelona algum tipo de esclarecimento, que nos expliquem claramente o que aconteceu. Pode ser que não seja tão grave quanto parece", completou o secretário. 
O Barcelona foi enquadrado no artigo de crime de corrupção empresarial, que passou a ser previsto no código penal da Espanha em 2010, e pode gerar punições severas. Pesa contra o clube catalão o fato de Enríquez Negreira ter recebido mais de 7 milhões de euros enquanto era vice-presidente da Comissão de Arbitragem espanhola. 
Os pagamentos foram interrompidos em 2018, quando Enríquez Negreira deixou o cargo de vice-presidente da Comissão de Arbitragem. Desde então, a sua empresa, Dasnil 95 SL, teve queda de rendimento. Os denunciados podem receber pena de seis meses a quatro anos de prisão, caso condenados por corrupção, e de seis meses a três anos, caso condenados por administração injusta.
Já o Barcelona pode sofrer punição penal como pagamento de multa ou até a dissolução da entidade esportiva, além de punições esportivas. Em comunicado, o Barça afirma que "contratou os serviços de um consultor técnico". Em depoimento, Enríquez Negreira ressaltou que nunca houve favorecimento ao clube catalão em virtude dos pagamentos.