Torcida do FlamengoGilvan de Souza / Flamengo

Rio - Na contramão da violência, a arrecadação de torcedores de Flamengo e Fluminense vem batendo recordes e prometem embalar grandes festa no Maracanã na reta final da temporada de 2023. As chamadas “Vakinhas” estão ganhando um novo significado no universo dos torcedores do futebol Carioca. Embaladas por uma cultura em que a festa na arquibancada é valorizada, e reconhece o setor e os torcedores como agentes primordiais nesse espetáculo.
O Maracanã tem sido palco de noites memoráveis para os torcedores de Flamengo e Fluminense, mas não estamos falando aqui dos resultados obtidos em campo pela dupla Fla-Flu, mas sim do seu conjunto de torcedores que prometem nas próximas semanas realizarem festas memoráveis no maior palco de futebol do mundo. Os grandes promotores dessa festa são diversos, são em sua maioria torcedores comuns, até jogador e celebridade como no caso das “Vakinhas” promovida pelas torcidas Nação 12 e Urubuzada, ambas do Flamengo, que em menos de 72 horas conseguiu arrecadar quase R$ 70 mil em doações.
No caso da torcida tricolor, a “Vakinha” promovida pela torcida Bravo 52 para arrecadar para a festa contra o Internacional pela semifinal da Copa Libertadores, no próximo dia 27, bateu a meta inicial de R$ 30 mil em menos de 72 horas e atualmente se encontra em R$ 33.638. Neste caso não houve doação de celebridades tricolores ou jogadores, o que gerou reclamação de torcedores nas redes sociais e exercitou a rivalidade saudável entre as torcidas.

O fato é que o Rio vive um novo Fla-Flu nas arquibancadas, desta vez sem os noticiários serem inundados pelas cenas de violência, e sim da festa em prol da cultura torcedora e da paz. O sucesso das "Vakinhas" transparecem um modelo organizacional onde todos podem contribuir e participar, com transparência e confiança. No labo rubro-negro, influenciadores, artistas e até jogadores participaram das doações. No lado dos jogadores, Wesley e Vitor Hugo doaram. Além de diversos influenciadores, os Mcs Maneirinho e Borges também doaram.
A importância da participação de torcedores, artistas e até jogadores ressalta o papel das festas nas arquibancadas. É o que diz Marcio Vieira, conhecido como “Marcinho”, Vice Presidente e fundador da torcida Nação 12.
"A ideia da vakinha era uma iniciativa para contemplar todo e qualquer rubro-negro, de todas as classes, popular, como acreditamos e pregamos ser o Flamengo. Mas é inegável que a participação de famosos e jogadores ajudando na vaquinha, é um combustível bem grande tanto na ajuda financeira, é claro, quanto na visibilidade e credibilidade da campanha, fazendo com que o alcance seja cada vez maior, e, consequentemente, tenhamos a possibilidade de fazermos uma festa memorável e, rumo a maior já vista no novo Maracanã! Um dos grandes pontos pra nós nessa repercussão de famosos, sem dúvidas, foi a presença do Vinicius Junior, que pouco antes de subir, frequentava os jogos na torcida, junto ao seu tio. Temos, inclusive videos e fotos do nosso cria conosco", disse.
Marcio destaca também como virtude os princípios da Nação 12 na promoção da festa das bandeiras e bandeirolas, prometida para o primeiro jogo da final contra o São Paulo, no Maracanã, no próximo dia 17.
"A Nação 12 tem como um de seus princípios, a ideia de somar. Tanto inovando, quanto resgatando algo já enraizado na nossa torcida. E aí, em meio a esse futebol cada vez mais elitizado, com os preços dos ingressos ainda mais elevados pra essa final, concluímos que tentar esse resgate das festas que eram feitas, principalmente até a década de 90, que foi afetada na cultura da nossa arquibancada com as subsequentes proibições, seja uma forma de fazer com que pessoas (inclusive da nossa torcida) que infelizmente não conseguem estar presente pelo alto valor dos ingressos, se sintam parte do espetáculo de alguma forma e darmos o recado a todo mundo, inclusive aos dirigentes, que arquibancada e que Flamengo queremos".

A presidente da Torcida Urubuzada Carla Ribeiro, conhecida como "Carlinha" destacou a relevância do resgate das festas no Maracanã, em um momento de ingressos caros e restrições as festas:
"A Fla Twitter que pautou a urubuzada, pediu a Vakinha que a torcida iria chegar junto. Eles sugeriram e ai nos decidimos abraçar, por conta da elitização, do preço do ingresso, o povo que tem um poder aquisitivo mais baixo foi afastado do maracanã por conta do preço do ingresso é uma forma do torcedor participar, tem muita doação de fora do Rio de Janeiro, mas sente que pode participar da festa. A gente constrói tudo sempre de forma participativa, sempre colocamos enquete, para as pessoas votarem no que elas querem ver na arquibancada, seja bandeiras, significados, para que aquelas pessoas que não podem ir ao jogo seja pela distância ou dinheiro, também possam participar, porque ela está opinando, esta escolhendo como a festa deve ser feita. E a arrecadação veio disso, não tem outra forma de falar, o torcedor pediu para que fizéssemos a arrecadação e ai a meta inicial era R$ 7 mil, que dava mais ou menos 1000 bandeiras, sem contar as 400 que já havíamos feito. Ficariam 1400, e ai a gente alcançou R$ 10 mil e a gente decidiu dobrar a meta para R$ 14 mil, e o pessoal começou a marcar os MCs e os influenciadores. A partir de então a Nação 12 conversou com a gente e abriu uma arrecadação com o mesmo propósito e estamos seguindo. Neste momento a Urubuzada esta chegando a R$ 40 mil", contou.

Já pelo lado tricolor o torcedor Gabriel Lacerda, conhecido como “Boka”, organizador da torcida Bravo 52 também citou a importância do papel das festas nas arquibancadas e prometeu uma noite inesquecível para os torcedores do Fluminense na semifinal da Libertadores contra o Internacional, no próximo dia 27.
"A festa na arquibancada é muito importante culturalmente, mesmo com todas as limitações da Conmebol nós conseguimos fazer uma grande festa contra o Olimpia e faremos uma grande festa contra o Inter. Todos os tricolores tem uma baita importância, todos que doaram de coração e com confiança que faremos uma grande festa. A festa da semifinal o mosaico é surpresa, mas com toda certeza vai ser de altíssimo padrão igual todos os outros", disse. Gabriel ainda exaltou o comprometimento dos torcedores do Fluminense.
"A arrecadação foi de muito sucesso, cada centavo ajudou bastante para fazer a festa. Eu tenho certeza que quem doou 1 centavo, 10 centavos, R$ 1, R$ 3 e até quem doou R$ 600, R$ 500 ou R$ 100 ajudou muito. E tudo foi muito solidário, muitas pessoas doando pouco dinheiro, você vê mais importância e mais representatividade. E a torcida do Fluminense, todas as festas que foram feitas, foram com a ajuda da sua torcida", contou.

Ainda não sabemos se Flamengo e Fluminense sairão vitoriosos em campo, mas já temos como certeza que o Maracanã viverá mais uma daquelas noites memoráveis promovida pelo espetáculo das torcidas na contramão da violência. E vale lembrar, as “Vakinhas” seguem abertas tanto pelo lado tricolor, quanto pelo lado rubro negro, com informações nas redes sociais das organizadas que estão organizando a arrecadação.