Rio - O torcedor paraguaio que cometeu ataques racistas contra o atacante Luighi, do Palmeiras, no jogo contra o Cerro Porteño, pela Libertadores sub-20, na última quinta-feira (6), foi identificado. A informação foi dada por João Paulo Sampaio, coordenador das categorias de base do time paulista, que destacou a dificuldade de punição por não existir crime de racismo no Paraguai.
"Primeiro a gente acolheu para que ele se acalmasse. Claro, a gente começou a reivindicar também com a própria polícia e com o terceiro árbitro, mas o próprio banco do Cerro estava indo contra, querendo que mirasse para o jogo e tentando entender que aquilo era normal. E que é normal no país, eles acham que é uma provocação. Na lei de 27/11 do ano passado, de 2024, o presidente Santiago Penha ele fala só em prevenir, aqui não é crime, não tem sanção dura, principalmente em ser um crime como é no Brasil", disse João Paulo ao SporTV.
"Se a gente abandona o campo ou se a gente retira a equipe, podia acontecer a mesma coisa que aconteceu com o Tabata, contra a mesma equipe, no mesmo país, e o Tabata que foi punido. E o mais importante, eles não vão vencer. Eles não serão mais fortes que nós. A gente ia perder a oportunidade porque com certeza se acontece isso a transmissão, que é da Conmebol, não ia ter a oportunidade de ouvir Luighi e foi devido a essa fala, a essa emoção que isso reverberou no mundo todo. Não pode ser comum. Essa pessoa já foi identificada, vamos ver, mas no país não é crime, então a gente tem que esperar", completou.
Segundo o dirigente, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, está fazendo cobranças diretas aos presidentes da CBF e da Conmebol por punições. A Fifa também foi acionada.
"Nossa presidente ontem ligou para o presidente da CBF, ligou para o presidente da Conmebol, ela ficou muito revoltada ontem. Qualquer tipo de discriminação, independente do racismo, ela é muito ruim. A presidente, por ser mulher, ela já passa por isso também em algumas situações, eu já passei por isso. Quando eu cheguei em São Paulo, sou nordestino e tive aquele primeiro olhar de diferença. Será que ele vai conseguir aqui? O que aconteceu com o Vini quando ele chegou também lá. Só que você vai ganhando prestígio na área profissional e sua voz vai tendo mais força para você conseguir combater qualquer tipo de discriminação", afirmou João Paulo.
"Ligaram para os pais de Luigi, para o pai e para a mãe. A mãe estava bem chocada, chorando, mas falaram com os pais de Luigi, mas estão cobrando tanto da Conmebol como da CBF a punição ou a atitude mais firme. Mas isso ontem à noite, a diretoria toda do Palmeiras foi bem presente para que a gente primeiro acolhesse o atleta e a família dele, mas depois cobrasse as autoridades responsáveis", finalizou.
Racismo contra Luighi
Um homem que estava com uma criança de colo na arquibancada imitou um macaco na direção dos jogadores do Palmeiras. As câmeras de transmissão flagraram Luighi, que ainda foi alvo de um cuspe, chorando no banco de reservas. O clube paulista informou que irá até as últimas instâncias para que todos os envolvidos sejam punidos.
Luighi foi o escolhido para dar entrevista ao fim do jogo e se revoltou com o repórter, que não perguntou sobre o caso de racismo.
"Não, não, não. É sério isso? Você não vai perguntar sobre o ato de racismo? É sério? É sério? Até quando a gente vai passar isso? Até quando? Me fala, que até quando a gente vai passar isso? O que fizeram comigo foi um crime. Você ainda vai perguntar isso? Você ainda vai perguntar sobre o jogo mesmo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? CBF, sei lá. Você não vai perguntar sobre isso? Não ia, né? Você não ia perguntar sobre isso? Mas o que fizeram foi um crime comigo. A gente é formação. Aqui é formação. A gente tá prendendo aqui", disse Luighi, aos prantos.
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