O presidente do São Cristóvão, João MachadoFoto: João Alexandre Borges/O Dia

Rio - O primeiro semestre de 2023 foi especial para o São Cristóvão. Justamente no ano que retomou as atividades do futebol profissional e voltou a jogar no Estádio Ronaldo Nazário, na Rua Figueira de Melo, o clube conquistou o acesso para a Série B2 do Campeonato Carioca, a quarta divisão. Nesse sentido, a reportagem do jornal O Dia entrevistou o presidente do São Cristóvão, João Machado, que relembrou o planejamento do clube até as conquistas na primeira metade do ano. 
"Isso foi projeto de um trabalho planejado. Primeiramente, foi voltar para casa. Todo clube tem que ter sua casa, ter seu tapete, ter seu domínio. O São Cristóvão, desde 2009, não jogava na casa dele. Então, eu preferi parar com o futebol profissional durante três anos para reestruturar o clube não só fisicamente, mas financeiramente também, porque estava afogado em dívidas", disse João Machado, que revelou outro passos.
"Fizemos uma vaquinha online, que era para ver se conseguia 150 mil para fazer a parte de incêndio. Conseguimos só um terço do valor, mas, mesmo assim, nós demos de entrada e viemos pagando. Hoje, graças a Deus o estádio já está liberado. Pegamos um de 90 dias. Agora vamos executar os 10% de obra que faltam para pegar o definitivo", completou. 
O São Cristóvão fez a melhor campanha na fase de classificação da Série C, a quinta divisão, e conquistou a Taça Waldir Amaral, com 27 pontos (nove vitórias e duas derrotas). No mata-mata, eliminou Mesquita e Uni Souza. Assim, chegou até a final e, consequentemente, garantiu o acesso. Na final, contudo, perdeu duas vezes pelo placar de 2 a 1 para o Zinza FC, que se sagrou campeão.
Alguns dos troféus do São Cristóvão - Foto: João Alexandre Borges/O Dia
Alguns dos troféus do São CristóvãoFoto: João Alexandre Borges/O Dia

Pausa e retorno do profissional

O clube da Zona Norte carioca, muito por causa de problemas financeiros, perdeu as disputas da Série C em 2021 e 2022 como um tipo de licença junto à Ferj. Um ano antes, a pandemia da Covid-19 atrapalhou os planos e cancelou a edição da quinta divisão. Para João Machado, o tempo fora foi importante para arrumar a casa e projetar voos mais altos nos anos seguintes.
"Como já não teve Série C, nós começamos a reestruturar o clube e falamos: 'Opa, aqui é o caminho, não podemos trocar o pneu com o carro andando. Vamos parar tudo e vamos se reestruturar'. E outra coisa, como o mandato aqui é de dois em dois anos, os presidentes se preocupavam muito com o profissional – gerar jogador, gerar receita para o clube e tudo. Mas acho que para o clube ser forte, você tem que ter uma base forte, você precisa projetar jogadores. Então, nessa época, o futebol só ficou parado no profissional", revelou.

Planejamento acelerado

O acesso foi conquistado, mas, diferente da parte de cima do calendário estadual, as últimas divisões tem um espaço curto de disputa. A Série B2 começará no mês de setembro, e o São Cristóvão, que sonha em voltar a figurar entre os principais times do Cariocão, não quer perder tempo. Apesar da excelente campanha, o mandatário do clube vê que precisa se reforçar e apontou o que a equipe precisa melhorar.
"Já estamos contratando para a B2, pois esse ano é bem cheio. Você joga a C no primeiro semestre e no dia 17 de setembro começa a B2. Já estamos entrando em contato com alguns jogadores. Temos um time muito bom, muito forte, mas falha um pouquinho nas finalizações. Precisávamos criar cinco, seis oportunidades claras. Estamos no mercado buscando uns dois matadores. Uns jogadores de nome, outros não, para colocarmos essa bola dentro da rede".
Além de São Cristóvão e Zinza FC, também disputarão a quarta divisão: Campo Grande, Búzios, Mageense, Belford Roxo, Carapebus, Rio-São Paulo, Barra Mansa, Bonsucesso, Angra dos Reis e Rio de Janeiro.

Veja mais declarações do presidente do São Cristóvão:

Estádio Ronaldo Nazário, a casa do São Cristóvão - Foto: João Alexandre Borges/O Dia
Estádio Ronaldo Nazário, a casa do São CristóvãoFoto: João Alexandre Borges/O Dia
OBRAS NO ESTÁDIO
"Para concluirmos o estádio faltam os portões antipânico. São dois portões em cada lado. O que vai dar trabalho é o do meio do campo, já que o estacionamento é 1,20m acima do chão. Então, além disso, vamos precisar fazer uma rampa de acesso. Se não conseguirmos fazer as obras até o início da B2, teremos um limite de público. Se concluirmos, podemos receber até mil pessoas na competição".
GESTÃO NO CLUBE
"Eu não sou do futebol, sou do mercado financeiro. Frequento o clube há 30 anos, sempre fui conselheiro e me chamaram para participar da diretoria. Quando me aposentei, vim para cá em 2018. Vi a situação que o clube se encontrava: 46 dívidas trabalhistas, devendo o Fundo de Garantia, comerciantes das redondezas…".
"Aí fizemos um projeto de saneamento, segurando despesas e aumentando as receitas. Conforme foi aumentando a receita, foi tendo superávit. Nesse superávit, fomos destinando uma parte para pagar trabalhista, uma parte para poder fazer investimento no clube, uma parte para poder comprar material. Fomos distribuindo e estruturando o clube".
CATEGORIAS DE BASE
"Do Sub-11 ao Sub-14 estamos na Série Ouro jogando contra Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. No fim do ano, a gente joga o Metropolitano, em Minas Gerais, onde sai muito jogador. Meu maior parceiro, hoje, é o Cruzeiro. Eles têm cinco ou seis atletas nossos nessa parceria. Estou estruturando o clube para as próximas gestões. Quando esses garotos derem frutos no profissional, aí pega um dinheiro do mecanismo de solidariedade, participação em venda, aí o clube pega um rumo".