Kauê Fernandes segura o contrato com o UFC vestido com a camisa do Fluminense Foto: Reprodução/Instagram @kauerfernandesmma

Rio - Lutador profissional de MMA e torcedor de coração do Fluminense, Kauê Fernandes viverá um turbilhão de emoções no próximo sábado, 4 de novembro. Isso porque o dia será marcado pela final da Libertadores 2023 e também pela estreia do atleta no UFC. Na decisão da competição continental, o Tricolor enfrentará o Boca Juniors, da Argentina. Poucas horas depois do início da partida, Kauê sobe ao octógono para enfrentar Marc Diakiese, do Reino Unido.
"Quando eu recebi essa notícia, acho que era começo de outubro. A gente tinha acabado de passar do Olimpia (quartas de final). Não sabia ainda se passaria do Internacional, mas lógico que acreditando muito, e já fiquei um pouco ansioso. Aí o Fluminense passou, e eu tive a certeza que eu iria lutar no mesmo dia da final. No início assim, me bateu uns calafrios, fiquei meio nervoso, mas se Deus está querendo isso para gente, é porque a gente tem que ir lá e executar o plano", contou Kauê, em entrevista ao jornal O Dia.
A final, que acontecerá no Maracanã, terá início às 17h. Já estreia de Kauê no UFC vai começar por volta das 19h, no Ginásio Ibirapuera, em São Paulo. Assim, será possível saber o placar de momento do jogo ou até mesmo o resultado final de Boca Juniors x Fluminense antes mesmo da subida para o octógono. Apesar disso, Kauê ressaltou foco no compromisso e destacou que só buscará a informação de quem foi o campeão após o fim da luta.
"A gente acredita muito, mas o Fluminense pode perder para o Boca Juniors. Eu posso vir a perder a minha luta. O que eu tenho certeza é que a gente tem que ir lá e guerrear. O Fluminense vai jogar com toda sua vida. Se eu ficar ali pensando no resultado, pode me desconcentrar, de certa maneira. Então, eu vou deixar acontecer. Logo depois da minha luta, a primeira coisa que eu vou perguntar é quanto foi o jogo. Se Deus quiser, vai ser uma vitória do Fluzão e uma vitória minha".
Durante a entrevista, Kauê revelou uma promessa caso tudo dê certo: a primeira tatuagem, que imortalizará no corpo o dia da glória eterna e da primeira vitória no UFC, logo na luta de estreia.
"Dando tudo certo, não quero agourar nada, eu vou tatuar essa data no meu corpo. Não tenho nenhuma tatuagem. Vou botar a taça da Libertadores e a luvinha do UFC. Eu ganhando e o Fluminense sendo campeão, vai ser a minha primeira tatuagem", contou.
Kauê Fernandes segura o contrato com o UFC vestido com a camisa do Fluminense  - Foto: Reprodução/Instagram @kauerfernandesmma
Kauê Fernandes segura o contrato com o UFC vestido com a camisa do Fluminense Foto: Reprodução/Instagram @kauerfernandesmma
FLUMINENSE BATEU NA TRAVE EM 2008
Apaixonado pelo Tricolor das Laranjeiras desde pequeno, Kauê marcou presença nos jogos do Fluminense na Libertadores de 2008. Ele, então, contou como ficou o Maracanã após a derrota nos pênaltis para a LDU, que culminou no vice do Flu, e também explicou o sentimento com as polêmicas de arbitragem na decisão.
"Em 2008, eu fui a todos os jogos, inclusive na final. Nesse ano, todos os jogos também. Aquele jogo contra a LDU é uma coisa inexplicável, o Maracanã todo chorando, uma das mais tristes da minha vida, com certeza. É tipo um trauma de criança, foi bem triste. Eu tinha 13 anos. A história toda da Libertadores, a gente fazendo gol no último minuto contra o São Paulo nas quartas, aí ganhando do insuperável Boca de Riquelme e Palermo... Eu não gosto de chorar de arbitragem porque acho que não tem o que chorar. Eu, quando vou lutar, tenho que entrar lá para nocautear ou finalizar se eu quiser a vitória mesmo. Mas tem hora que o juiz interfere na partida e, naquela, interferiu", lembrou Kauê
"Não é querendo ser chorão, mas tem foto do Washington com a camisa sendo puxada (dentro da área), o goleiro fez 15 minutos de cera, uma coisa bizarra. Parece que tiraram a Libertadores das nossas mãos. No primeiro jogo, gol com duas bolas em campo. A gente poderia ter jogado melhor, lógico, na prorrogação se defendeu só, Renato Gaúcho botou o time para trás, não entendi isso. Mas o juiz interferiu. Então, fica com aquela sensação: 'po, como o cara não marca o pênalti naquele lance?'. Um lance claríssimo de pênalti", completou.
Luta de Kauê Fernandes - Foto: Reprodução/Instagram @kauerfernandesmma
Luta de Kauê FernandesFoto: Reprodução/Instagram @kauerfernandesmma
INÍCIO DA CARREIRA
O esporte, aliás, sempre esteve presente na vida de Kauê. Ainda criança, ele começou no judô e depois fez muay-thai e jiu-jitsu. Além disso, já teve o desejo de ser jogador de futebol e chegou a ser federado na Casa de Espanha. No entanto, percebeu que tinha mais talento para lutar do que para jogar futebol. 
"Então, decidi focar na luta, foi com uns 16 anos que percebi isso. Estava chegando naquela fase: vai fazer faculdade ou vai fazer o que? Odiava estudar, adorava fazer exercício físico (risos). E tinha talento na luta, estava ganhando todos os campeonatos de jiu-jitsu, me destacando nos treinamentos e numa academia conhecida mundialmente, que é a Nova União. Me deu toda a confiança de que eu poderia ser capaz de ter uma carreira", contou Kauê.
"Aí fiz a minha estreia com 18 anos e finalizei em 18 segundos. Na segunda, nocauteei com 22 segundos. Aí eu percebi que eu tinha talento. Decidi mergulhar nisso. Foi assim", concluiu.
RELAÇÃO COM JOSÉ ALDO
Por falar na Nova União, esta é também a academia de José Aldo. Numa entrevista em 2015 ao site "Combate", do Grupo Globo, o lendário ex-lutador de UFC apontou Kauê como seu sucessor. 
"É uma relação muito boa, muito boa mesmo. Ele me ajuda muito e não é algo de fachada. Ele me leva de carro para treinar com os melhores boxers do país. Na marinha, são boxers olímpicos. Então, os caras são muito bons, ele abriu as portas de lá. Ele me dá muita dica umas dicas pontuais e só de estar do lado dele, assistindo, você absorve bastante a forma como ele pensa, a mentalidade dele".
"Ele é muito influente na minha carreira. Só de estar do lado dele, a energia, a simplicidade como ele vê as coisas. Quando eu perdi, ele me ajudou bastante. Estava cometendo alguns erros. Não foi nada técnico, o que ele me ajudou foi mais de mentalidade. Ele é muito influente para mim".
Kauê Fernandes já participou do Boteco Tricolor, programa do canal oficial do Fluminense no YouTube  - Foto: Reprodução/YouTube
Kauê Fernandes já participou do Boteco Tricolor, programa do canal oficial do Fluminense no YouTube Foto: Reprodução/YouTube
Veja mais declarações de Kauê:
FINAL CONTRA O BOCA
"Vou ser bem sincero, estou muito confiante. Acho que o Fluminense é levemente favorito e tenho uma opinião diferente da maioria dos torcedores. Acho que o jogo vai ser dificílimo. O primeiro tempo vai ser um jogo horroroso, e o Boca Juniors vai marcar muito forte. Se a gente não abrir o olho com esse esquema do Diniz de 4-2-4, os caras podem fazer gol num contra-ataque perigoso".
"Mas no segundo tempo, os espaços vão começar a abrir, porque os caras não vão conseguir marcar o time qualificado do Fluminense. Vai ser bem parecido como foi contra o Internacional, eu acho, inclusive. Vai dar ali 15/20 minutos do segundo tempo, e começar a ter várias chances de gol do Fluminense. Aí a gente tem Germán Cano, John Kennedy iluminado, Jhon Arias... Aí a gente tem muitas chances de fazer um gol. Acho que está mais para o Fluminense, mas é um jogo de detalhes. Se for para os pênaltis, o goleiro dos caras é sinistro. Vai ser um jogo muito difícil, muito difícil mesmo".
TIME PARA A DECISÃO
"Acho que a gente tem que abrir o olho. Tem que ser André, Alexsander e Marcelo no meio. Diogo Barbosa na lateral esquerda. John Kennedy está vivendo um grande momento, mas deixa ele para o segundo tempo. Pode ser até o nosso coringa. Diniz não pode dar mole nisso".
CARREIRA E CHEGADA AO UFC
"Eu fui campeão do Shooto. O Skout Combat é um evento de kicking-box profissional, lutei contra o quarto melhor do Brasil, o melhor na época. Não tinha nenhuma luta profissional na modalidade. Meu cartel tem quatro nocautes e uma finalização com um minuto do primeiro round. Acho que foi isso que me levou até a lutar no UFC, porque é um cartel bem chamativo".
"Quando eu sai do Shooto Brasil, foi para lutar o LFA. É o evento que mais leva atletas para o UFC. Então, eu sabia que se eu me destacasse no LFA, eu provavelmente seria contratado pelo UFC. Aí eu tive até a minha primeira derrota, mas foi uma grande luta, eleita a melhor da noite. Depois, ganhei de dois grandes adversários por nocaute com um minuto de luta. Logo após sair da minha última luta, o Dedé me falou que o cara queria me colocar no UFC. Então, já estava meio que sabendo, mas não tinha nada confirmado".