A boxeadora Imane Khelif se viu sob ataques de que seria homem e COI desmentiu falsa informação Mohd Rasfan / AFP

O Comitê Olímpico Internacional (COI) se viu obrigado a se posicionar e defender as boxeadoras argelina Imane Khelif e taiwanesa Lin Yu-ting, que foram reprovadas em teste de gênero no Mundial de boxe de 2023. A vitória de Imane na estreia na categoria até 66 kg, na quinta-feira (1), abriu caminho para uma série de ataques transfóbicos de personalidades, políticos e na internet no Brasil e no mundo. Nesta sexta (2), foi Lin Yu quem venceu até 57 kg a vencer uma luta.
Tanto em comunicado quanto através de um porta-voz em coletiva de imprensa, o COI primeiro fez questão de negar a informação que passou a circular de que as duas atletas eram transgênero, ou seja que nasceram homens e passaram por tratamento para virar mulheres.
"Esta não é uma questão transgênero. A argelina nasceu mulher, foi registrada como mulher, lutou boxe como mulher e é uma mulher em seu passaporte. Cientificamente, não se trata de um homem lutando contra uma mulher", afirmou o porta-voz, Mark Adams.
A polêmica sobre a questão de gênero se deve ao fato das duas terem sido reprovados nos testes em 2023, feitos pela Associação Internacional de Boxe (IBA). Os exames apontaram que as boxeadores tinham em alta quantidade o hormônio testosterona, além da presença do cromossomo XY, ambos características masculinas.
"Essas duas atletas foram vítimas de uma decisão arbitrária do IBA. Vimos em relatórios informações enganosas", disse o comunicado do COI.
A entidade máxima do esporte olímpico baniu o IBA há alguns anos, diante de graves problemas encontrados, com falhas de integridade e transparência, além de acusações de corrupção.
Além disso, existem mulheres com Diferenças de Distúrbio Sexual (DSD, sigla em inglês) de uma condição rara que faz com que tenham genes, hormônios e até órgãos reprodutivos masculinos.
Diante da questão e dos muitos ataques sofridos pelas boxeadoras, o COI reforçou que "toda pessoa tem o direito de praticar esporte sem discriminação" e se mostrou preocupado com "o abuso que as duas estão sofrendo atualmente".