Beatriz Souza, no judô, garantiu a primeira medalha de ouro do Brasil na Olimpíada de ParisLuis Robayo / AFP
Brasil em Paris: judô e ginástica brilham enquanto esportes tradicionais decepcionam
Em segunda campanha com mais medalhas, país ganha menos ouro e mais prata
A Olimpíada de Paris acaba neste domingo (11) com o Time Brasil com um gosto agridoce em sua participação. A delegação brasileira celebra a segunda melhor campanha da histórica na quantidade de medalhas (20), ao mesmo tempo em que vê o número de ouros cair de sete nas últimas duas edições para apenas três em 2024. Por ouro lado, teve o maior número de prata (sete) de sua história, enquanto esportes que tradicionalmente vão ao pódio decepcionaram.
Após a campanha histórica na Tóquio-2020, quando conseguiu 21 medalhas e o 12º lugar geral, o Brasil tinha expectativa de superar o desempenho em Paris, mesmo que fosse difícil pela projeção inicial, e chegar a 22. A meta ficou próxima e mesmo assim é histórica, graças a judô e ginástica artística, que contribuíram cada uma com quatro medalhas.
Essa concentração, entretanto, representa também a queda no número de esportes no pódio. Foram 11 (completam a lista atletismo, surfe, skate, boxe, taekwondo, futebol, vôlei, canoagem e vôlei de praia), contra 13 em Tóquio-2020 e 12 na Rio-2016.
Além de garantirem dois dos três ouros, judô e ginástica melhoraram o desempenho em relação à última edição. O primeiro dobrou a ida ao pódio: de dois bronzes em Tóquio para quatro medalhas (ouro, prata e dois bronzes), sendo o melhor resultado da história junto a Londres-2012. E poderia ter sido ainda se Rafael Macedo e Rafaela Silva não pertencem a última luta.
A ginástica também dobrou o número de medalhas e teve seu melhor resultado. Além disso, conseguiu pela primeira vez um bronze por equipes. Já o vôlei de praia, com o terceiro ouro brasileiro para país, igualou a campanha de Tóquio.
Surpresa em Paris com Edival Pontes, o taekwondo voltou a ganhar uma medalha de bronze após passar em branco na edição anterior. E o atletismo igualou o desempenho (duas, mas com uma prata a mais, na primeira conquista da marcha atlética, com Caio Bonfim). Além disso, o lançamento de dardo voltou a uma final após 92 anos, com Luiz Mauricio.
Já o surfe aumentou de uma para duas medalhas, só que em Tóquio conquistou o ouro, enquanto em Paris ficou com uma prata e um bronze.
Mesmo sem chegar ao pódio, alguns esportes tiveram suas melhores campanhas em Olimpíadas. Hugo Calderano é o primeiro latino-americano a chegar à semifinal no tênis de mesa, dominado por asiáticos e europeus. Já a 'incansável' Ana Sátila conseguiu inéditos quarto (no caiaque) e quinto (na canoa) lugares para a canoagem slalom, assim como Gustavo Bala Loka em sexto no BMX.
E ginástica rítmica foi para a primeira final no individual geral, com Bárbara Domingos. Na luta livre (wrestling), Giullia Penalber teve o melhor resultado, mesmo perdendo a disputa pelo bronze.
As decepções do Brasil em Paris
Por outro lado, esportes que tradicionalmente garantem pódio deixaram a desejar. A vela, por exemplo, ficou fora pela primeira vez desde Barcelona-1992. É apenas a terceira vez desde a primeira medalha, na Cidade do México-1968, que passa em branco (a outra foi em Munique-1972).
Assim como o vôlei de quadra, que pela primeira vez neste século ficou fora de uma final. A última edição em que isso aconteceu foi em Sidnei-2000, quando também o masculino ficou fora de uma semifinal desde então. Por isso, o esporte só contribuiu com um bronze no feminino.
Já a natação pela terceira vez desde os Jogos de Seul-1988, também não faturou medalhas (Atenas-2004 e Rio-2016 também). A expectativa era baixa diante da falta de resultados no ciclo olímpico, mas a campanha foi ainda pior, com apenas quatro finais disputadas, acima apenas , Só ficou acima de Seul, quando participou de uma única final.
E o boxe também decepcionou, com apenas o bronze de Bia Ferreira. A expectativa era que repetisse Tóquio, com três medalhas (1 ouro, 1 prata e 1 bronze), mas apenas um atleta chegou à semifinal.
Número 1 do ranking no tiro com arco, Marcus D'Almeida voltou a cair numa oitavas de final. E cinco chances de ouro não conseguiram o objetivo: no surfe, Gabriel Medina foi atrapalhado pela falta de ondas na semifinal e teve que se contentar com o bronze.
Bia Ferreira caiu para a algoz de Tóquio-2020 também na semifinal. Já Rayssa Leal,no skate, Alison dos Santos, nos 400m com barreiras, e Isaquias Queiroz, na canoagem de velocidade, estavam entre os favoritos, mas não eram os únicos. Tanto que foram ao pódio, só que não no lugar mais alto.
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