Bandeira do VascoLeandro Amorim/Vasco

Rio - A Administração Judicial conjunta indicada no processo judicial do Vasco se posicionou sobre o pedido do clube para contratar um empréstimo de até R$ 80 milhões. Em parecer feito na última sexta-feira (26), a entidade reconheceu a urgência do financiamento para a garantia da continuidade das operações. No entanto, apontou uma série de lacunas que precisam ser corrigidas antes da aprovação. A informação foi dada primeiro pelo 'ge'.
Em petição à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, o clube pediu autorização judicial para realizar um financiamento DIP (debtor-in-possession) no valor até R$ 80 milhões. Segundo o documento, o recurso será usado exclusivamente para despesas correntes, como salários, fornecedores estratégicos e obrigações trabalhistas e fiscais.
No parecer, a Administração Judicial cita que "a operação vem se revelando estruturalmente deficitária", com apontamentos dos próprios relatórios mensais.
"A título ilustrativo, em março de 2025 a Vasco SAF iniciou o mês com saldo de caixa de aproximadamente R$ 59 milhões, ao passo que, em agosto do mesmo ano, conforme a última informação disponibilizada à administração judicial conjunta, esse montante já se encontrava reduzido a R$ 17 milhões. O cenário revela, de forma inequívoca, a erosão acelerada das reservas financeiras e reforça a urgência da adoção de medidas concretas voltadas à recomposição do equilíbrio econômico-financeiro", em petição. 
A AJ cita que o Vasco não detalhou um plano para a utilização de recursos, o que é exigido no próprio contrato de crédito. Em um dos pontos destacados, a entidade alerta, que por usar 20% da SAF como garantia, o acordo depende da aprovação do Conselho Deliberativo do Vasco.
Além disso, a Administração Judicial demonstra que não há um laudo econômico-financeiro que se possa atribuir um valor à participação acionária de 20% como garantia. Isso inviabilizaria uma análise sólida para mensurar a proporção real do empréstimo de até R$ 80 milhões nas ações da SAF. 
Dessa forma, o parecer solicita um laudo de avaliação independente, com os valores atualizados para "assegurar transparência, proporcionalidade e preservação do patrimônio da associação".
O vice-presidente jurídico do Vasco, Felipe Carregal, em entrevista ao 'ge', afirmou que o pedido já estava previsto em acordo de recuperação judicial. O empréstimo seria fundamental para a não venda de ativos importantes, como a jovem promessa Rayan, que estava previsto no relatórios entregues para a recuperação judicial.
O empréstimo prevê carência de 12 meses e quitação em até três anos. Os juros serão fixos em 7% e correção em relação ao CDI.
O Ministério Público opinou no sentido da rejeição da autorização do empréstimo do Vasco. O promotor Gustavo Adolfo Machado Cunha Lunz entendeu que os termos definitivos são desconhecidos. A decisão será da Justiça.