Câmera de vigilância de um supermercado próximo mostra Urias Fernandes sendo lançado a vários metros de altura com o impacto da colisãoFoto: Divulgação - Arquivo
Em audiência judicial no Fórum de Guapimirim, ex-deputada disse não saber o telefone do próprio marido
A ex-deputada Paula Tringuelê e o ex-prefeito de Guapimirim Zelito Tringuelê prestarão depoimento na condição de testemunha do acidente de Urias Fernandes, ex-subsecretário de Agricultura de Guapimirim
Guapimirim – A ex-deputada estadual pelo Rio de Janeiro Paula Francinete Machado de Jesus – popularmente conhecida como Paula Tringuelê (SD-RJ) – disse em audiência judicial não saber o número de telefone do próprio marido, o ex-prefeito de Guapimirim Jocelito Pereira de Oliveira (PL-RJ), mais conhecido como Zelito Tringuelê. O caso ocorreu no início da noite dessa quarta-feira (27), no Fórum de Guapimirim, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, durante a terceira audiência para tratar do acidente e morte do advogado e ex-subsecretário de Agricultura de Guapimirim Urias Fernandes, de 56 anos. A ex-parlamentar foi convocada na condição de testemunha e o marido será intimado na mesma modalidade.
A declaração da ex-deputada sobre não ter o telefone do próprio esposo causou estranheza entre os presentes. Bastava ela ter olhado o celular, mas não houve interesse de sua parte e não havia como forçá-la a informar. Para algumas das pessoas que assistiram à sessão, a atitude de Paula Tringuelê pareceu que ela não estaria disposta a colaborar com a Justiça.
Devido à dificuldade do oficial de Justiça para localizar as testemunhas em alguns endereços, a ex-primeira-dama de Guapimirim – também ex-secretária de Assistência Social e Direitos Humanos – foi intimada no endereço da filha. Durante a sessão, ela deu o endereço de casa para que Zelito Tringuelê pudesse receber a intimação. Ao ser questionada pela magistrada se o esposo seria encontrado mais facilmente no fim de semana, ela respondeu que ele também trabalhava nesses dias. Foi então que a juíza do caso pediu o endereço do trabalho dele.
Paula Tringuelê não prestou depoimento na ocasião. Ela está agendada para a quarta audiência, prevista para as 18h do próximo dia 8 de novembro. O marido também será intimado para a mesma data.
Sobre o atropelamento de Urias Fernandes
Urias Fernandes foi vítima de um grave acidente no dia 12 de novembro de 2022, quando passava de moto pela Avenida Dedo de Deus, principal via de Guapimirim, na altura do bairro Paiol. Um automóvel que estava na contramão colidiu com sua motocicleta, lançando-o a vários metros de altura antes de cair no chão.
Ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Faleceu em 22 de novembro, 10 dias após, de traumatismo craniano.
A condutora foi identificada como Zilanda Genaio Correa, servidora comissionada na Prefeitura de Magé, na Baixada Fluminense. Segundo relatos de testemunhas em depoimentos policiais e nos autos processuais, ela, supostamente, tentou fugir do flagrante, no entanto teria sido impedida por populares.
A ré chegou a dizer na delegacia que a vítima estava na contramão, mas foi confrontada em sua própria mentira, após assistir a imagens de vídeo de um supermercado próximo que registrou o ocorrido.
O caso é investigado pela 67ª DP (Guapimirim), contudo, devido a divergência de informações prestadas pela motorista no dia da tragédia, o assunto foi levado para a 60ª DP (Campos Elísios), em Duque de Caxias, onde funciona a Central de Flagrantes da Polícia Civil fluminense, para que fossem colhidos depoimentos. Depois retornou para a delegacia de origem.
Desde maio deste ano, Zilanda Correa está proibida de dirigir como forma de “garantia da ordem pública”. O pedido foi feito pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e aceito pela referida juíza.
O MPRJ ofereceu denúncia contra a investigada em maio deste ano, seis meses após o óbito de Urias Fernandes.
A vítima teria completado 57 anos no último dia 5 de setembro. Além de advogado, ele era funcionário da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e estava emprestado para a 149ª Zona Eleitoral (Guapimirim).
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