Com o objetivo de unir história, cultura e culinária e tendo o dia 7 de setembro de 1822, o macaense criou sete pratos diferentesDivulgação/Tomas Loran

Macaé - As vias urbanas da cidade de Macaé, no interior do estado, foram tomadas por uma rede de solidariedade e de muito sabor, na noite do último sábado (11). Recém-aprovado no Sesec RJ, que conta com o patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro através do Edital Retomada Cultural 2, o chef de cozinha, Hugo Dias, 35, preparou e distribuiu cerca de 200 quentinhas destinadas aos moradores em situação de rua.

Com o objetivo de unir história, cultura e culinária e tendo o dia 7 de setembro de 1822 como ponto de partida para a composição dos cardápios, o macaense criou sete pratos diferentes e, a maioria, a base de frango. “Foi um prazer oferecê-los a degustação da gastronomia da realeza e mostrá-los como a comida do nosso país foi formada”, ressaltou.
A maioria dos sete pratos diferentes criados pelo chef macaense tiveram base de frango - Divulgação/Tomas Loran
A maioria dos sete pratos diferentes criados pelo chef macaense tiveram base de frangoDivulgação/Tomas Loran


Quem prova as delícias feitas por Dias, logo percebe que o amor pela arte de cozinhar é dos seus principais temperos. Para esta ação social, que contou com o apoio da Juvêncio Produções, ele abusou ainda mais do dom numa mistura de ingredientes que fariam gosto ao paladar de Dom Pedro l, que declarou a Independência do Brasil; que completou 200 anos no ano passado.

Ao conviver com a separação dos pais ainda quando criança, Dias amadureceu muito cedo. Filho de uma mãe professora e de um pai funcionário da Petrobras, sua curiosidade pela culinária surgiu despretensiosamente. “Quando jovem, virava noites com o meu primo jogando videogame. A fome batia quando todos já estavam dormindo e, na maioria das vezes, o miojo era a nossa salvação (risos). Foi misturando itens no miojo para ver se combinava - já que tirávamos o que tínhamos na geladeira tentando fazer algo bom - que tudo começou”, revelou ele que, ao ir crescendo, foi apostando cada vez mais em novas receitas.

Com passagens numa faculdade de Direito e num curso técnico em Segurança do Trabalho, foi entre uma panela e outra que o chef se conheceu. “A partir do momento que entrei numa cozinha profissional nunca mais saí. Hoje é o meu ofício, é onde me encontrei. A gastronomia é um ato de carinho. Eu gosto de fazer comidas e mais ainda de ter esse cuidado para com o outro através da alimentação”, pontua.
Cozinheiro de empadões e banoffees que dão água na boca pela região, a recente classificação no edital trouxe ao Dias um novo fôlego na carreira. “Ter esse projeto levando comida para o povo que tanto anseia e precisa é muito significativo. Me senti honrado. Consegui unir duas grandes paixões que são a história e a gastronomia. Isso me mostra que estou no caminho certo”, acredita.
Talentoso, cheio de ideias e apenas no início de uma longa jornada, Hugo Dias sempre soube aonde quer chegar. “Trabalho para conseguir uma estabilidade por meio desta arte. Quero muito fazer disso algo rentável. Que eu consiga ainda desmistificar também que a gastronomia é algo muito difícil e que dá para montar pratos bastante saborosos com ingredientes simples e acessíveis. É possível fazer cozinha com o que se tem. Meu sonho é seguir fazendo comida de qualidade, gostosa, que tenha história e que tenha a ver com a nossa gente”, concluiu.