Gruta foi renomeada pela Secretaria de Meio AmbienteFoto: Reprodução/ITPA
Gruta dos Escravos, em Miguel Pereira, passa a se chamar Gruta dos Escravizados
Mudança revisa abordagem e acompanha termo utilizado por historiadores
Miguel Pereira - A Prefeitura de Miguel Pereira oficializou a atualização da nomenclatura da Unidade de Conservação de Proteção Integral, até então denominada Monumento Natural da Gruta dos Escravos, que passa a se chamar Gruta dos Escravizados. A decisão foi conduzida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Com 34 mil metros quadrados de área preservada, a unidade foi instituída por seu valor ambiental, cultural e histórico singular. A gruta, erguida no século XVIII por pessoas escravizadas como expressão de fé à Nossa Senhora da Penna, guarda em seu interior uma capela e formações rochosas esculpidas à mão — um testemunho tocante da resistência, espiritualidade e humanidade do povo negro sob o regime escravocrata.
A alteração no nome da unidade reconhece que o termo “escravos” reduz os indivíduos à condição imposta de submissão. Já o uso do termo “escravizados” corrige essa visão, reconhecendo essas pessoas como sujeitos históricos, com identidade e agência própria. A medida adota uma abordagem mais precisa e ética no tratamento da história brasileira, promovendo o protagonismo daqueles que foram submetidos à escravidão.
Além de preservar o meio ambiente, a Gruta dos Escravizados assume papel ativo na valorização da memória coletiva e na educação ambiental com perspectiva histórica. A iniciativa está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU - em especial os de número 10 (Redução das Desigualdades), 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis) e 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes).
“Nossa gestão tem o compromisso de valorizar a história do nosso povo e promover políticas públicas que respeitem a dignidade humana em todas as suas dimensões. A mudança de nomenclatura da Gruta dos Escravizados é um passo simbólico, porém necessário, para que nossa cidade continue avançando com responsabilidade social e ambiental”, declarou o prefeito Pedro Paulo Quinzinho.
O termo “escravizados” tem sido adotado por historiadores e instituições em substituição a “escravos”, como forma de destacar que a escravidão foi uma condição imposta, e não uma identidade. Essa mudança linguística reflete avanços na forma como a história é contada e interpretada, promovendo uma visão mais justa e humanizada do passado.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.