Rússia - A Rússia anunciou nesta quarta-feira que não conseguiu o apoio da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) para participar da investigação sobre o envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal na Grã-Bretanha.
"Infelizmente não conseguimos obter dois terços dos votos para apoiar essa decisão. Precisávamos de uma maioria qualificada", declarou o embaixador russo Alexander Shulgin.
"A proposta era realizar uma investigação conjunta, com Rússia e Reino Unido, e o diretor-geral da Opaq atuaria como mediador", explicou o representante russo.
Segundo Shulgin, o Reino Unido e os Estados Unidos votaram contra, "seguidos por outros que estão sujeitos à disciplina da UE e da Otan".
Irã, China e algumas nações africanas votaram a favor, assegurou o embaixador.
No total, dos 41 países que compõem o Conselho Executivo da Opaq, 23 votaram a favor da proposta apresentada pela Rússia e Irã, ou se abstiveram, acrescentou o diplomata.
"As máscaras caíram" nessa organização, acusou Shulgin na embaixada russa em Haia.
Outras fontes diplomáticas indicaram à AFP que apenas seis países votaram a favor do projeto russo, 15 contra e 17 abstiveram-se.
Londres havia descrito como "perversa" a proposta de Moscou de realizar em conjunto essa investigação, já que considera que o governo de Vladimir Putin está por trás do envenenamento de Skripal e sua filha Yulia.
Os britânicos conduzem sua própria investigação com a assistência técnica independente da Opaq.
Rússia exigiu pedido de desculpas de Reino Unido
O governo russo exigiu que o Reino Unido apresente um pedido de desculpas, depois que o laboratório britânico que analisou o agente químico utilizado para envenenar o ex-espião russo Serguei Skripal admitiu não ter provas de que a substância procede da Rússia.
O governo britânico acusa o Kremlin de ter envenenado Skripal e sua filha Yulia na cidade de Salisbury com um gás neurotóxico.
As acusações do governo britânico provocaram uma onda de expulsões de diplomatas entre os países ocidentais e a Rússia.
"Sua teoria não se confirmará em nenhuma hipótese porque é impossível confirmá-la", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"O ministro britânico das Relações Exteriores, que acusou o presidente Vladimir Putin, e a primeira-ministra terão que olhar, de uma forma ou outra, nos olhos de seus colegas da União Europeia e de uma maneira ou outra pedir desculpas à Rússia", completou.
O chefe do laboratório militar britânico de Porton Down, Gary Aitkenhead, afirmou que não foi possível determinar a origem exata do agente neurotóxico usado para envenenar o ex-espião russo.