França - Os esqueletos de um alossauro e de um diplodoco serão leiloados, nesta quarta-feira, em Paris. As relíquias se tornando objetos de decoração de última moda para compradores com os bolsos cheios e salas de estar grandes o suficiente.
"O mercado dos fósseis já não é reservado exclusivamente aos cientistas. Os dinossauros se tornaram tendência, objetos de decoração, como os quadros", explica Iacopo Briano, especialista da casa de leilões Binoche et Giquello, responsável pela venda.
Entre os famosos colecionadores de esqueletos de dinossáuros, se destacam os atores de Hollywood Leonardo DiCaprio e Nicolas Cage. Cage chegou a ter de devolver um crânio de Tarbossauro, que havia sido extraído ilegalmente da Mongólia.
"Nos últimos dois ou três anos, os chineses se tornaram mais interessados pela paleontologia e têm procurado grandes espécimes de dinossauros encontrados em seu solo, para seus museus ou mesmo particulares", disse Briano. "Os novos compradores estão agora fazendo lances contra corporações multinacionais", acrescentou.
Em 1997, McDonald's e Walt Disney estavam entre os doadores que financiaram US$ 8,36 milhões para comprar Sue - o Tiranossauro Rex mais completo e bem conservado do mundo - para o Field Museum of Natural History, em Chicago.
Tamanhos
"Milhões de pessoas vêm vê-lo, isso dá uma publicidade incrível para as empresas", explica Éric Mickeler, especialista em história natural da casa de leilões Aguttes.
Os especialistas expressam, no entanto, suas reservas: apesar de que muitos dos fósseis que são leiloados não contribuiriam muito com a ciência, sempre pode-se encontrar nos lotes peças importantes.
Mickeler afirma paralelamente que o mercado continua sendo "pequeno" e que "não se dirige a muita gente".
Porque embora possuir um dinossauro seja sinônimo de originalidade - são leiloados, no máximo, cinco por ano no mundo. Esta paixão tem suas desvantagens: seu preço e o espaço requerido.
O "pequeno" alossauro com "60 dentes afiados", que será oferecido nesta quarta pela Binoche et Giquello, mede 3,8 metros de comprimento. "Um dinossauro adaptado à demanda parisiense, dado que só tem 1,50 metro de altura", assegura Briano.
Mas seu colega de leilão, o diplodoco, tem 12 metros, do nariz ao rabo.
'As pessoas querem dentes'
Um terceiro dinossauro, um terópode que será leiloado pela casa Aguttes em 4 de junho, mede nove metros de comprimento por 2,60 de altura.
O preço do alossauro é estimado em entre 550 mil e 650 mil euros. O do diplodoco entre 450 mil e 500 mil euros e o terópode entre 1,2 e 1,5 milhão de euros.
Carnívoros, como o alossauro, saem mais caro que seus congêneres herbívoros. "As pessoas querem dentes", explica Mickeler.
E também que haja uma história para contar e apresentem, por exemplo, marcas de combates ou de doenças incuráveis.
Também são consideradas outras características, como a raridade do espécime, a porcentagem de ossos verificados e a beleza de seu crânio.
"São preços totalmente absurdos", avisa Ronan Allain, paleontólogo do Museu de História Natural de Paris. "É o mundo do luxo Não é para nós", acrescenta.