Presidente americano Donald Trump - AFP PHOTO / SAUL LOEB
Presidente americano Donald TrumpAFP PHOTO / SAUL LOEB
Por AFP

Nova York - A procuradora-geral de Nova York apresentou nesta quinta-feira uma ação contra o presidente Donald Trump por usar sua fundação com fins pessoais e políticos, um caso que atinge diretamente os negócios do magnata imobiliário.

A ação, que exige a dissolução da fundação Donald J. Trump e pede ao presidente americano a restituição de 2,8 milhões de dólares, além de multas, denuncia "um padrão de conduta ilegal persistente durante mais de uma década" na entidade.

Embora afete diretamente seus negócios milionários, o caso não parece suscetível de afetar politicamente o presidente, que já havia anunciado a dissolução da fundação após derrotar a democrata Hillary Clinton nas eleições de novembro de 2016.

A ação da procuradora Barbara Underwood assegura que Trump, que completa 72 anos nesta quinta-feira, usava os ativos da fundação para pagar suas obrigações legais, promover seus hotéis e negócios, e comprar artigos pessoais.

Uma investigação da Procuradoria também revelou que a Fundação Trump arrecadou mais de 2,8 milhões de dólares "de maneira projetada a influenciar nas eleições de 2016" sob as ordens da campanha presidencial de Trump.

Este não é o primeiro caso judicial de Trump, que enfrenta várias ações de mulheres que asseguram ter tido relações com ele e, sobretudo, uma ampla investigação do procurador especial Robert Mueller sobre os laços entre sua campanha presidencial e a Rússia.

'Pouco mais que um talão de cheques' 

"Como revela nossa investigação, a Fundação Trump era pouco mais que um talão de cheques para pagamentos de Trump, ou de seus negócios, a organizações sem fins lucrativos, sem importar seu propósito, ou legalidade", disse a procuradora Underwood em um comunicado.

A ação, apresentada diante da Suprema Corte de Nova York, assinala como acusados o presidente americano e seus três filhos do casamento com Ivana Trump: Donald Jr., Ivanka e Eric.

O presidente qualificou o caso de "ridículo" no Twitter.

"Os vis democratas de Nova York, e seu procurador-geral agora caído em desgraça (...) Eric Schneiderman, estão fazendo tudo o que podem para me processar por uma fundação que recebeu 18,8 milhões de dólares e deu a obras de caridade mais do que recebeu: 19,2 milhões de dólares", tuitou.

O presidente disse que as partes não conseguiram chegar a um acordo fora dos tribunais para evitar uma ação.

Uma porta-voz da Organização Trump, entidade que maneja os ativos do presidente da Torre Trump, na Quinta Avenida, divulgou um longo comunicado no qual denuncia "as motivações políticas" da Procuradoria.

Queixa-se de que a Procuradoria nunca investigou a Fundação Clinton, embora haja questionamentos sobre o seu proceder. E lembrou que a Fundação Trump anunciou no fim de 2016 que se dissolveria e doaria o restante de seus fundos, 1,7 milhão de dólares, para obras de caridade, mas que isto foi bloqueado pela investigação judicial.

A ação exige que proíbam que Trump comande qualquer organização sem fins lucrativos em Nova York durante 10 anos, e que façam o mesmo com seus filhos durante um ano.

Apoio à campanha 

A fundação, uma entidade sem fins lucrativos isenta de impostos, foi criada em 1987 supostamente com fins de caridade e opera em Manhattan.

Mas, segundo a Procuradoria, não tem funcionários, trabalha sem supervisão de sua direção e é gerida pela Corporação Trump, que fornece serviços a centenas de entidades que compõem a Organização Trump.

"Na ausência de uma direção, Trump dirigia a fundação guiado por seu capricho mais do que pela lei", diz a ação.

A Procuradoria assegura que 2,8 milhões de dólares - parte do arrecadado em um evento destinado a ajudar veteranos de guerra que Trump organizou em 28 de janeiro de 2016 em vez de participar de um debate das primárias republicanas em Des Moines, Iowa - foram parcialmente destinados a apoiar a campanha presidencial.

Desde então, segundo o processo, funcionários de alto escalão da campanha passaram a decidir como utilizariam o dinheiro "para benefício político de Trump e apoiar a campanha".

As doações para organizações de ajuda a veteranos de guerra, por exemplo, eram amplamente publicizadas em atos políticos nos quais Trump entregava enormes cópias de cheques.

A Procuradoria começou a investigar a fundação em junho de 2016, antes da vitória de Trump, após artigos do Washington Post que revelaram pagamentos questionáveis.

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