Manifestantes bloqueiam a Rota Pan-Americana, na entrada da capital - AFP photo/  Eitan Abramovich
Manifestantes bloqueiam a Rota Pan-Americana, na entrada da capitalAFP photo/ Eitan Abramovich
Por O Dia

Buenos Aires -  A Confederação Geral do Trabalho (CGT), importante central sindical da Argentina, realiza nesta segunda-feira uma greve geral de 24 horas contra as políticas do governo de Mauricio Macri. O protesto provoca interrupções no tráfego de veículos, inclusive em Buenos Aires, e inclui um ato na Praça da República, próxima do Obelisco na capital, além de um protesto em La Plata, informa a agência estatal Télam. "Nesta segunda não haverá ônibus, trens, metrô, bancos, tampouco aulas nos distintos níveis da educação, nem coleta de lixo, e haverá apenas plantão nos hospitais públicos para atender emergências", diz a agência em seu site.

A partir das 7 horas, grupos de ativistas começaram a fechar as principais avenidas de entrada a Buenos Aires, onde foram mobilizados centenas de policiais.

Manifestantes bloqueiam a rodovia Panamericana em Buenos Aires durante uma greve geral de 24 horas convocada pelos sindicatos da Argentina em protesto ao acordo do governo com o Fundo Monetário Internacional. - AFP photo/ Eitan Abramovich

"Não é suficiente uma paralisação geral. É necessário um plano de luta, uma verdadeira disposição de luta para derrotar este plano de guerra contra os trabalhadores", afirmou à AFP Marcelo Ramal, dirigente do Partido Operário.

Um dos principais quadros entre os sindicalistas do país, Hugo Moyano, líder do sindicato de caminhoneiros, afirmou na noite de domingo que os protestos não são uma ameaça à democracia, mas apenas um meio de pressionar Macri para adotar medidas que "não causem dor" e para que ele "escute o povo". "As pessoas não passavam antes as necessidades que passam agora", lamentou Moyano.

Segundo o Clarín, a paralisação é a terceira da CGT contra o governo Macri. O jornal diz que os trabalhadores pressionam por mudanças na política do governo, contra o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), exigem o fim de demissões e a reabertura de negociações entre empresários e sindicatos. O Clarín informa ainda que é alta a adesão ao protesto, também pelo fato de não haver transporte público. O jornal diz que Macri trabalhou para tentar evitar a paralisação, sem sucesso, mas pretende agora retomar o diálogo.

Um policial da tropa de choque monta guarda enquanto manifestantes bloqueiam a estrada Panamericana em Buenos Aires - AFP photo/ Eitan Abramovich

O ministro das Finanças, Nicolás Dujovne, disse que a greve terá um custo de quase 29 bilhões de pesos (quase um bilhão de dólares).

Os trabalhadores protestam contra o quadro econômico ruim no país, os cortes de subsídios e outras medidas do governo para tentar ajustar as contas públicas, após o acordo com o FMI. Além disso, reclamam do impacto da alta inflação sobre os salários e os custos sociais do quadro econômico nacional.

Como proposta concreta, os sindicatos desejam o reinício das negociações de ajustes salariais deste ano, para um alinhamento com a projeção de inflação, calculada agora pelo Banco Central em 27%.

As negociações que aconteceram em sua maioria no início do ano utilizaram como referência a meta de inflação anual de 15%.

Para tentar retomar o diálogo com os sindicatos, o ministro do Trabalho, Jorge Triaca, afirmou desejar que as negociações salariais aconteçam livremente.

Mas o ministro afirmou que "alguns setores sindicais estão tentando aumentar as tensões sociais, os níveis de conflito e a instabilidade do governo".

"A greve não ajuda a resolver o problema dos argentinos", disse.

"O governo está em uma conjuntura muito difícil, se encontra no menor índice de popularidade e enfrenta um forte questionamento do setor assalariado", afirmou à AFP o cientista político Diego Reynoso, da Universidade de San Andrés, em Buenos Aires.

O desemprego chegou a 9,1% no primeiro trimestre do ano, contra 7,2% no último trimestre de 2017.

A greve cancelou nesta segunda-feira 17 voos no Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU Airport), em São Paulo. Foram afetadas 11 partidas para Buenos Aires e seis chegadas da capital argentina.

* Com informações do Estadão Conteúdo, AFP e Agência Brasil

Você pode gostar