Rio - O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), não recebeu o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, na quarta-feira, durante sua viagem ao Amazonas. No estado, o americano visitou um centro de acolhida para refugiados venezuelanos em Manaus. Ao DIA, Virgílio explicou sua decisão e criticou o presidente Michel Temer que, apesar de haver cerca de 50 crianças brasileiras separadas dos pais nos Estado Unidos, comentou a Copa com Pence. "Não cabia aquela conversa sobre futebol. Cabia simplesmente falar das crianças e que estamos sendo responsáveis no atendimento aos venezuelanos", declarou.
A ausência de Virgílio foi motivada, principalmente, pelas exigências do cerimonial norte-americano. Exigiram que ele chegasse duas horas antes do horário previsto para a chegada de Pence. Ele não poderia levar esposa nem seguranças, enquanto o vice-presidente levou sua mulher e chegou escoltado. "O que me constrangeu mais foi o aparato: helicóptero e muita gente armada", contou Arthur.
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) reconheceu o trabalho de acolhimento aos venezuelanos feito por Manaus. O prefeito se disse orgulhoso e reclamou que Pence queria "ensinar sobre solidariedade e dizer como eu tenho que me comportar com os venezuelanos".
Para o prefeito, Donald Trump está fazendo exatamente o que prometeu em sua campanha, mas ele não tinha esse direito. A pretensão de construir um muro no México e a separação das famílias, para Virgílio, é sinal de um regime autoritário. "Trump esquece que os EUA devem muito ao braço e ao cérebro imigrante. O Vale do Silício é muito pouco americano", lembra.
Pence esteve na quinta-feira em Quito, no Equador, e repetiu o mesmo discurso da visita a Brasília, pediu que o Brasil ajudasse a isolar o governo venezuelano.
*Estagiária sob supervisão de Dirley Fernandes com a colaboração de Beatriz Perez
