Presidente americano, Donald Trump - Jim Watson/AFP
Presidente americano, Donald TrumpJim Watson/AFP
Por AFP

Teerã - O presidente iraniano, Hassan Rohani, prometeu "contornar com orgulho" as novas sanções dos Estados Unidos, que entraram em vigor nesta segunda-feira e visam especificamente os setores do petróleo e financeiro iraniano, vitais para a economia do país.

Seis meses depois de se retirar unilateralmente do acordo nuclear iraniano assinado em 2015, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, restabeleceu as sanções que haviam sido levantadas sob o governo Barack Obama.

"Eu anuncio que vamos contornar com orgulho suas sanções ilegais e injustas, uma vez que elas são contrárias ao direito internacional", garantiu o presidente Rohani em um discurso televisionado.

Guerra econômica

"Estamos em uma situação de guerra econômica e estamos enfrentando uma tentativa de intimidação, e não acho que na história americana tenha havido alguém na Casa Branca a ponto de contrariar as leis e convenções internacionais", disse Rohani.

Adotando uma política hostil em relação ao Irã desde que assumiu o cargo em janeiro de 2017, Trump, para quem o acordo nuclear é uma aberração, restabeleceu em agosto uma primeira série de sanções econômicas contra Teerã.

No sábado, o guia supremo do Irã, Ali Khamenei, acusou o presidente americano de ter "desacreditado" os Estados Unidos, que, segundo ele, serão os perdedores desta política.

"O Irã está mal", declarou no domingo o presidente americano. "Quando tomei posse, pensava-se que o Irã dominaria todo o Oriente Médio (...) Ninguém fala sobre isso hoje".

As sanções americanas funcionam como uma chantagem contra países terceiros que negociam atualmente com o Irã: empresas asiáticas ou europeias serão banidas do mercado americano se continuarem a importar petróleo iraniano, ou realizar operações com bancos iranianos. Muitos já escolheram ou vão escolher os Estados Unidos.

Oito países, no entanto, irão se beneficiar de uma isenção para o petróleo, incluindo a Turquia e, possivelmente, a China e a Índia. A lista será anunciada hoje.

Este regime de isenção é semelhante ao que os Estados Unidos praticaram de 2012 a 2015, antes do acordo nuclear do Irã negociado sob Barack Obama. Na época, China, Índia, Turquia, Coreia do Sul, Japão e Taiwan foram poupados das sanções americanas, uma vez que estavam gradualmente reduzindo suas importações de petróleo iraniano. Anos depois, a administração Trump assumiu o mesmo argumento.

"Há um grupo de países que já reduziu significativamente suas importações de petróleo e que precisa de um pouco mais de tempo para chegar a zero, e nós daremos esse tempo", disse o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, em entrevista no domingo ao canal Fox.

Desconectar o Irã

Sobre as sanções financeiras, mais de 600 indivíduos e entidades no Irã serão colocado numa lista negra, um número superior ao retirado após a conclusão do acordo de 2015.

O secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, explicou na semana passada que os Estados Unidos querem desconectar o Irã do sistema bancário internacional Swift, a espinha dorsal do sistema financeiro global, como foi o caso de 2012 a 2016.

A economia iraniana já sofria muitos males antes da ofensiva de Donald Trump.

As exportações de petróleo, que respondem por 40% das receitas do Estado iraniano, segundo o Banco Mundial, já caíram 2,5 milhões de barris por dia para 1,6 milhão de barris em setembro.

Para continuar a vender seu petróleo bruto, os petroleiros iranianos estão há algumas semanas desligando seus transponders para não serem vistos, mas os satélites os rastreiam.

O maior mercado para o petróleo iraniano é a China, seguido pela União Europeia, Índia e Turquia. O Japão e a Coreia do Sul praticamente reduziram suas importações a zero.

Apesar da animosidade, Trump reitera que está disposto a se reunir com os líderes iranianos para negociar um acordo global com base em 12 condições: restrições muito mais firmes e duradouras sobre o nuclear, mas também o fim da proliferação de mísseis e atividades consideradas "desestabilizadoras" de Teerã no Oriente Médio (Síria, Iêmen, Líbano...).

"Continuamos prontos para chegar a um novo acordo mais abrangente com o Irã", disse Trump na sexta-feira. Mas os iranianos já disseram que rejeitam um diálogo com Washington. "Não haverá negociações com os Estados Unidos", afirmou o aiatolá Khamenei em agosto.

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