Manifestante segura uma bandeira bretã em meio a gás lacrimogêneo nos Champs Elysees, em Paris(Lucas Bariolet /AFP) - AFP
Manifestante segura uma bandeira bretã em meio a gás lacrimogêneo nos Champs Elysees, em Paris(Lucas Bariolet /AFP)AFP
Por AFP

Paris - Milhares de manifestantes, integrantes do movimento conhecido como "coletes amarelos", que protestam contra a alta dos combustíveis e a perda do poder aquisitivo na França, se reuniram neste sábado no centro de Paris após vários dias protestos no restante do país, com a intenção de pressionar ainda mais o governo. 

Durante a manhã, milhares de manifestantes estavam na avenida Champs-Élysées da capital francesa e gritaram frases contra o presidente Emmanuel Macron.

A polícia utilizou gás lacrimogêneo e jatos de água para afastar as pessoas que tentavam furar um bloqueio das forças de segurança.

Manifestantes durante um protesto dos 'coletes amarelos' contra o aumento dos preços do combustível e do custo de vida perto do Arco do Triunfo, em Paris (Bertrand Guay /AFP) - AFP

A mobilização na capital, de contornos pouco definidos, preocupa as autoridades que temem distúrbios.

O ministro francês do Interior, Christophe Castaner, denunciou os distúrbios na avenida Champs-Élysées e acusou elementos da "ultradireita", que "responderam ao apelo de Marine Le Pen", líder do partido de extrema-direita "Rassemblement National", por uma mobilização em Paris.

O movimento, sem vínculo com os sindicatos e os partidos políticos, organizou em 17 de novembro seu primeiro ato, que levou 280 mil pessoas às ruas em toda França.

Tropa de choque durante protesto dos 'colete amarelo' (Bertrand Guay /AFP) - AFP

O segundo ato foi agendado para este sábado em Paris.

O movimento é mais um na longa história francesa de contestação social e protestos nas ruas.

Uma pesquisa do instituto BVA mostrou que 72% dos franceses se identificam com as reivindicações dos "coletes amarelos".

Mulher usa colete amarelo com a inscrição 'Renuncia Macron' nos Champs-Elysées, em Paris (Bertrand Guay /AFP) - AFP

O preço elevado da gasolina, impostos excessivos, pensões e aposentadorias insuficientes: as reivindicações do movimento convergem para a perda de poder aquisitivo.

Os "coletes amarelos" representam um verdadeiro desafio para Macron que, no momento, não parece disposto a mudar o ritmo de suas reformas para "transformar" a França ou a abrir mão do aumento do preço dos combustíveis, tudo isto para manter o rumo a favor da transição ecológica.

De acordo com a imprensa, no entanto, Macron pode anunciar na terça-feira novas medidas destinadas às famílias carentes para evitar o risco de uma fratura social.

Manifestantes durante um protesto de coletes amarelos (Bertrand Guay /AFP) - AFP

Manifestante na Champs Elysees, em Paris, durante manifestação nacional dos 'coletes amarelos' contra o aumento dos preços do combustível e os custos de vida (Lucas Barioulet /AFP) - AFP

A convocação do segundo ato da mobilização foi feita nas redes sociais, principal plataforma de comunicação dos manifestantes.

Com o perfil ambíguo do movimento, as autoridades desejam evitar os confrontos registrados na primeira semana de protestos (dois mortos, 620 civis e 136 membros das forças de segurança feridos), com uma grande mobilização policial.

As autoridades temem em particular a infiltração entre os manifestantes de "redes violentas de extrema-direita e extrema-esquerda".

Manifestantes enfrentam jatos de água da polícia em Paris (Francois Guillot /AFP) - AFP

Mais de 35 mil pessoas responderam no Facebook à convocação para um protesto na Place de la Concorde em Paris, mas esta manifestação foi proibida por sua proximidade com o palácio presidencial do Eliseu e da embaixada dos Estados Unidos.

As autoridades proibiram eventos ao redor do palácio presidencial, da Concorde, da Assembleia Nacional e do hotel Matignon, que abriga o escritório do primeiro-ministro.

Manifestações foram autorizadas no Campo de Marte, perto da Torre Eiffel, mas o movimento dos "coletes amarelos" não aceitou a ideia, por considerar que ficara "preso em um parque".

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