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Manifestantes "coletes amarelos" e policiais voltaram a se enfrentar em ParisAFP
Por AFP

França - Centenas de manifestantes entraram em confronto com policiais neste sábado na avenida Champs-Elysées, no coração de Paris, em um novo protesto dos chamados "coletes amarelos" contra o aumento dos impostos e a queda do poder de compra. Segundo o jornal francês Le Monde, ao menos 122 pessoas foram presas.

Ao final de uma das avenidas mais turísticas do mundo, o Arco do Triunfo foi engolido por uma nuvem de fumaça, enquanto a polícia tentava dispersar a multidão com gás lacrimogêneo e canhões de água. O ministro do Interior, Christophe Castaner, relatou no seu Twitter a presença de "1.500 desordeiros (...) que vieram para criar confusão".

A polícia, mobilizada em grande número para evitar os confrontos que já haviam ocorrido durante a manifestação de 24 de novembro, repeliam aqueles que tentam promover "quebra-quebra", acrescentou o ministro. Até o fim da manhã, do horário local, segundo o jornal francês Le Monde, ao menos 122 pessoas foram presas.

Manifestantes "coletes amarelos" e policiais voltaram a se enfrentar em Paris - AFP

Alguns manifestantes, encapuzados e mascarados, tentaram forçar uma barreira colocada pela polícia para filtrar as entradas, segundo a polícia. Eles então partiram para avenidas adjacentes, observou um jornalista da AFP. Latas de lixo foram derrubadas e queimadas. Os manifestantes que vieram pacificamente para protestar usando o icônico "colete amarelo" fluorescente, foram pegos no fogo cruzado na avenida.

Entre eles, Chantal, uma aposentada de 61 anos que tentava evitar se aproximar da confusão: "Fomos informados que havia desordeiros à frente". Para ela, "ele (Macron) deve descer de seu pedestal, entender que o problema não é o imposto, é o poder de compra. Todo mês eu tenho que mexer na minha poupança".

O acesso de pedestres à avenida estava sendo controlado, com verificações de identidade e buscas, e painéis de madeira foram afixados em algumas vitrines. Cerca de 5.000 agentes foram mobilizados na capital.

Reivindicações orgânicas

Desde o surgimento das primeiras manifestações dos "coletes amarelos", em meados de novembro, o governo tem lutado para responder às demandas orgânicas desse movimento nascido nas redes sociais, fora de qualquer estrutura política ou sindical. Castaner afirmou que espera que o descontentamento do movimento "se organize". "Em uma disputa, chega o momento que é preciso aceitar o diálogo", acrescentou.

Na sexta-feira, uma reunião de consulta com o primeiro-ministro Édouard Philippe fracassou: apenas dois "coletes amarelos" participaram e um deles rapidamente deixou o local por não ter conseguido que a reunião fosse transmitida ao vivo.

Quanto aos anúncios feitos esta semana por Emmanuel Macron - um dispositivo para limitar o impacto dos impostos sobre o combustível e uma "grande consulta" - irritaram mais do que convenceram.

"Puro blá blá blá", reagiram vários manifestantes, alguns dos quais acampados nas estradas ou rotatórias. "Precisamos de medidas concretas, não de fumaça", resumiu Yoann Allard, um trabalhador rural de 30 anos.

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