Manifestantes de coletes amarelos protestando e queimando bandeira da França em Paris - France Press
Manifestantes de coletes amarelos protestando e queimando bandeira da França em ParisFrance Press
Por France Press

França - Confrontos foram registrados, neste sábado, na França, especialmente na capital, entre as forças de ordem os "coletes amarelos" no oitavo dia de manifestações em desafio ao governo, que denuncia uma tentativa de "insurreição" e exige um retorno à ordem.

Cerca de 25 mil manifestantes foram contabilizados às 14h GMT (12h de Brasília) em todo o país, segundo a polícia. De acordo com a mesma fonte, no sábado passado 32 mil pessoas foram mobilizadas.

A passeata que partiu da avenina Champs-Elysées se desenvolveu sem incidentes durante a manhã, mas confrontos estalaram durante a tarde com o lançamento de projéteis contra os agentes, que responderam com gás lacrimogêneo, sobretudo nos cais do Sena, no centro da capital.

Em uma passarela do rio Sena, um agente ficou ferido e foi evacuado pelos bombeiros, segundo a gendarmeria.

Um incêndio também foi registrado em um barco-restaurante ancorado perto do Musée d'Orsay. Várias motos, um carro e latas de lixo foram queimadas no Boulevard Saint-Germain, um bairro nobre do popular centro turístico, onde foram erguidas barricadas improvisadas.

"Tacar fogo assim não é possível. É o apocalipse", comentou uma moradora, preocupada com "a imagem da França no mundo".

O cortejo de manifestantes reunia, durante a tarde, cerca de 4 mil pessoas, segundo a polícia.

Outras cidades também viveram momentos de tensão nesta nova mobilização.

O ministro do Interior, Christophe Castaner, pediu no Twitter que "todos tenham responsabilidade e respeito pela lei" após esses incidentes, e disse ter reunido representantes das forças de segurança para uma videoconferência com os representantes do Ministério do Interior sobre a situação no país.

 'Mudar o sistema' 

Esta é a primeira mobilização de 2019, apesar das concessões do Executivo, que se prepara para debater as reivindicações do movimento em meados de janeiro.

Em Nantes (oeste), a manifestação, que reuniu pelo menos 2.000 pessoas, também resultou em confrontos, inclusive com disparo de granadas. Pelo menos uma pessoa ficou ferida.

Em Rouen (noroeste), 2.000 manifestantes se reuniram, segundo a polícia, e após atirarem pedras contra as forças de segurança, a polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo e balas de defesa (LBD), atingindo um manifestante na parte de trás da cabeça.

Em Montpellier (sudeste), quatro membros da polícia ficaram levemente feridos devido ao lançamento de pedras e garrafas pelos "coletes amarelos", segundo autoridades regionais.

O movimento teve início contra o aumento dos preços dos combustíveis, antes de se tornar mais amplo com reivindicações contra a política social e fiscal do governo.

Enfraquecido por estes protestos sem precedentes, o chefe de Estado, Emmanuel Macron, anunciou em 10 de dezembro uma série de medidas, como o aumento de 100 euros no salário mínimo e prometeu, em um discurso em 31 de dezembro, um retorno à "ordem Republicana".

Com uma mobilização a mais que no último sábado, Bordeaux e Toulouse (sudoeste) estavam entre os principais bastiões do movimento.

Precedidos por uma faixa proclamando "Unidos, a mudança é possível", cerca de 4.600 "coletes amarelos" desfilaram em Bordeaux em calma, sem confrontos com as forças de segurança. Em Toulouse, foram 2.000 pessoas, contra 1.350 no último sábado.

Milhares de "coletes amarelos" também bloquearam em ambas as direções a estrada A7 que atravessa a cidade de Lyon (centro-leste), gerando engarrafamentos na volta das festas de fim de ano.

"Estamos aqui para mudar o sistema, então enquanto não houver nada que mude, continuaremos a estar lá, não temos razão para voltar", disse Walter, estudante 23 anos de idade.

Este "ato VIII" da mobilização é um teste para o movimento de protesto, que desafia há um mês e meio o Executivo, apesar de ter perdido fôlego nas últimas semanas.

Na última manifestação, em 29 de dezembro, havia 12 mil manifestantes em todo o país, segundo o Ministério do Interior. Em 22 de dezembro foram contabilizados 38.600 e em 17 de novembro 282.000.

Desde o início do movimento, mais de 1.500 pessoas ficaram feridas, 53 delas gravemente, entre os manifestantes, e quase 1.100 entre as forças de segurança. Além disso, dez pessoas morreram, principalmente em acidentes nos bloqueios de estradas.

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