Ardern: bons resultados no combate à Covid - David Lintott/ AFP
Ardern: bons resultados no combate à CovidDavid Lintott/ AFP
Por O Dia

Christchurch - A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, enviou nesta terça-feira uma mensagem de paz aos muçulmanos e prometeu que jamais pronunciará o nome do autor dos ataques contra duas mesquitas em Christchurch, no mesmo dia em que os corpos de seis vítimas foram entregues a suas famílias.

Em uma sessão especial do Parlamento, Ardern declarou que o supremacista branco responsável pelo massacre de Christchurch, cidade da Ilha Sul da Nova Zelândia, enfrentará toda a força da lei.

Cinquenta fiéis foram mortos na sexta-feira, durante as orações da tarde, por um australiano de 28 anos que transmitiu ao vivo as imagens dos ataques, após ter publicado um "manifesto" racista.

"Com este ato terrorista buscava várias coisas, entre elas notoriedade, por isto jamais me ouvirão dizer seu nome", declarou Ardern aos deputados em Wellington, capital do país.

"Peço a vocês: digam os nomes dos que morreram no lugar do nome do homem que provocou tais mortes. É um terrorista, um criminoso, um extremista, Mas, quando eu falar, não terá nome".

Com o discurso, muito emocionado, ela também enviou uma mensagem à comunidade muçulmana. Vestida de preto e com um gesto solene, a chefe de Governo, de 38 anos, abriu a sessão com a expressão "salam aleikum" ("que a paz esteja sobre vós", em árabe), habitual no mundo muçulmano.

Restrição às armas

Após o ataque, a primeira-ministra Ardern prometeu uma reforma na legislação sobre armamentos na Nova Zelândia, que permitiu ao atirador comprar o arsenal que usou no massacre, incluindo armas semiautomáticas.

"Tomamos uma decisão como governo, estamos unidos, disse a primeira-ministra Jacinda Ardern, ao lado do vice-premier, Winston Peters, ao anunciar medidas para restringir o acesso às armas.

Os neozelandeses começaram a responder ao apelo do governo para que entreguem suas armas.

Ardern afirmou que nos próximos dias serão anunciadas medidas precisas sobre as restrições, mas deu a entender que entre elas podem estar a compra de armas e a proibição de alguns fuzis semiautomáticos.

O extremista de 28 anos foi acusado de assassinato, mas a primeira-ministra afirmou que ele responderá a mais acusações.

"Enfrentará toda a força da lei na Nova Zelândia", prometeu.

Ardern também anunciou uma investigação para determinar como o australiano planejou e executou os ataques na Nova Zelândia sem ser identificado pelos serviços de segurança.

Peters, cujo partido Nova Zelândia Primeiro era contrário às mudanças na lei de acesso às armas, afirmou que respalda totalmente a primeira-ministra.

"A realidade é que depois das 13h de sexta-feira nosso mundo mudou para sempre. E o mesmo acontecerá com nossas leis", disse, ao citar o horário em que começou o mais violento ataque já registrado em território neozelandês.

A Nova Zelândia reforçou a legislação sobre as armas nos anos 1990, mas as leis sobre posse de armas de fogo permaneceram muito permissivas. Quase todos os pedidos de porte de armas recebem resposta positiva.

David Tipple, gerente da Gun City, loja que vendeu quatro armas de fogo ao suspeito, afirmou nesta segunda-feira que não se considera responsável pelo massacre.

"Não percebemos nada fora do comum sobre este detentor de uma licença de armas", disse Tipple.

Brenton Tarrant, que compareceu a uma audiência no sábado em um tribunal de Christchurch, planeja representar a si mesmo no julgamento, afirmou o advogado designado pela corte.

O advogado Richard Peters, que o representou durante a audiência preliminar, disse à AFP que o australiano, de 28 anos, "indicou que não quer um advogado".

"Ele pareceu como alguém racional e sem algum problema mental. Parece entender o que aconteceu", completou Peters.

Processo de identificação lento

Dezenas de famílias de vítimas de todo o mundo são aguardadas em Christchurch para os funerais.

Mas a lentidão do processo de identificação e as necessidades das investigações médico-legais agravam a dor dos parentes das vítimas.

A tradição muçulmana prevê o sepultamento do corpo em um prazo de 24 horas após a morte.

Depois de informar que entregou às famílias seis corpos de vítimas do massacre de Christchurch, a polícia advertiu que apenas 12 das 50 vítimas foram identificadas formalmente.

"A polícia é consciente da impaciência das famílias com o período de tempo necessário para o processo de identificação após o ataque terrorista de sexta-feira", afirma a força de segurança em um comunicado.

 

Cerimônia de purificação 

Na mesquita Al Nur foi organizada uma cerimônia maori de purificação, que reuniu neozelandeses aborígenes, líderes da comunidade muçulmana e autoridades locais. Estudantes depositaram flores e acenderam velas.

Outros participaram em um novo haka, dança tradicional maori, em homenagem aos mortos. Em Auckland, os alunos de um colégio se uniram para criar a forma de um coração e a mensagem "Kia Kaha" ("Sejam fortes").

Os organizadores do maior salão de armas da Nova Zelândia, o Kumeu Militaria Show, perto de Auckland, anunciaram o cancelamento do evento após o massacre e em consequência dos "elevados riscos para a segurança".

 

 

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