Por AFP
O governo sírio e seu aliado russo aceleraram nesta sexta-feira o envio de suas tropas para a fronteira turco-síria, depois que os Estados Unidos anunciaram o envio de reforços militares para proteger campos de petróleo em uma área mais ao leste controlada pelos curdos.
Segundo um fotógrafo da AFP, um comboio de transportes de tropas, com centenas de soldados a bordo agitando bandeiras sírias, entrou à noite em Kobane, uma cidade no extremo norte da Síria.
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Os soldados desfilaram pelas ruas, gritando "um, um, um, o povo sírio é apenas um!".
Perto da cidade curda de Qamichli, no nordeste, veículos blindados com bandeiras russas deixaram uma base do governo sírio e seguiram para o oeste. Lá, iniciam um novo dia de patrulha perto da fronteira com a Turquia, sob um acordo concluído entre Moscou e Ancara.
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Firmado para deter a ofensiva lançada pela Turquia contra os curdos no norte da Síria, este acordo resultou na retirada das forças curdas das posições que ocupavam há anos. Também marca o fim do sonho de autonomia dos curdos sírios nesta região fronteiriça.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), cerca de 180 veículos do Exército do presidente sírio, Bashar al-Assad, chegaram durante o dia a Kobane.
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O desenvolvimento dos acontecimentos no conflito na Síria beneficia o governo Assad, um aliado da Rússia, que se recupera sem ter de lutar em amplas áreas de um território que vinha resistindo há anos.
Ao mesmo tempo, de acordo com Moscou, cerca de 300 soldados russos estabelecidos na Chechênia foram enviados como reforço para o nordeste da Síria. Estes apoiarão as tropas russas, já presentes no território desde 2015 em apoio a Assad.
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Esses reforços serão implantados na zona de 30 quilômetros de largura localizada na fronteira turco-síria, definida pelo acordo alcançado entre a Rússia e a Turquia. Segundo o Exército russo, mais 20 veículos blindados foram enviados para a Síria.
A ofensiva turca começou em 9 de outubro, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou suas tropas da área, abandonando as Forças Democráticas Sírias (FDS). Compostas principalmente por combatentes curdos, elas foram durante anos aliadas dos EUA na guerra contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI).
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Os americanos se retiraram de várias bases do norte da Síria, mas Trump anunciou na quinta-feira o envio de reforços militares para proteger os campos de petróleo no leste, os mais importantes do país, ainda sob controle curdo. Atualmente, 200 soldados americanos estão posicionados nessa área.
A operação será realizada em cooperação com as FDS, que continuam presentes no leste.
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"O objetivo é impedir que esses campos de petróleo caiam nas mãos do EI ou de outros grupos desestabilizadores", disse um oficial militar.
A atitude de Donald Trump foi criticada por outros países ocidentais, uma vez que as forças curdas expulsas pelos turcos mantêm campos de prisioneiros do EI.
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Washington reconheceu que mais de 100 prisioneiros da EI escaparam na Síria desde a ofensiva.
A operação turca buscar afastar as milícias curdas, que Ancara chama de "terrorista", e facilitar o retorno de uma parte dos 3,6 milhões de refugiados sírios que vivem na Turquia.
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Para os curdos, envolve grandes deslocamentos da população. Segundo o OSDH, cerca de 300.000 civis foram deslocados desde 9 de outubro.
Deflagrada em 2011, a guerra na Síria deixou mais de 370.000 mortos.