Por AFP
Fora da União Europeia(UE) pela primeira vez em quase 47 anos, o Reino Unido inicia neste sábado uma "nova era" em que terá como principal objetivo negociar a relação comercial com Bruxelas, mas também com Washington, e superar as divisões.
"A cortina se abre para um novo ato em nosso grande drama nacional", disse o primeiro-ministro Boris Johnson na sexta-feira em uma mensagem à nação, quando o país deixou oficialmente, às 23H00 locais, o bloco europeu, para celebração de alguns e lágrimas de tristeza de outros.
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"Despedida da UE" (The Times), "O dia em que dizemos adeus" (The Guardian) ou "O Reino Unido corta finalmente laços com a UE" (Financial Times): a imprensa recebeu o dia como uma nova página do futuro del país. "Agora a construir o Reino Unido que nos prometeram", exigiu o jornal The Mirror.
Novamente solitário - o país entrou em 1973 para a Comunidade Econômica Europeia, antecessora da UE -, os britânicos devem agora "usar os novos poderes, a soberania recuperada, para conquistar as mudanças pelas quais as pessoas votaram", disse Johnson.
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O resultado do referendo de 2016, quando 52% dos britânicos votaram a favor do Brexit, foi explicado por muitos como uma reação desesperada da parte do país - principalmente Gales e o norte da Inglaterra - esquecida por uma globalização que enriqueceu Londres e aumentou as desigualdades.
Johnson, que chegou ao poder em junho ao substituir Theresa May como líder do Partido Conservador, só conseguiu romper o bloqueio político ao convocar eleições antecipadas em dezembro.
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E então, para surpresa de muitos, conseguiu derrotar o opositor Partido Trabalhista em várias circunscrições operárias que votaram majoritariamente pelo Brexit e não aguentavam mais os adiamentos de uma saída inicialmente prevista para 29 de março de 2019.
Consciente de que estes eleitores "emprestaram" seu voto, Johnson prometeu reunificar o país e investir, em educação e saúde, para reduzir as desigualdades depois de conseguir o que durante muito tempo pareceu quase impossível: concretizar o divórcio com os 27 sócios europeus.
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"Este é o amanhecer de uma nova era na qual não aceitamos mais que as oportunidades de sua vida - as oportunidades de sua família - devem depender da parte do país em que você cresceu", afirmou.
Na segunda-feira, Johnson deve fazer um discurso para apresentar suas metas para os britânicos e o papel do Reino Unido no mundo.
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No momento, porém, precisa lidar com o descontentamento de uma parte importante do país, a Escócia, uma nação semiautônoma de 5,4 milhões de pessoas em sua maioria contrárias ao Brexit que, em uma tentativa de retornar à União Europeia, parece cada vez mais tentada por uma eventual independência.
Uma grande manifestação para pedir um segundo referendo de autodeterminação, após a vitória do não em uma consulta em 2014, estava prevista para este sábado em Edimburgo.