Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, embarca para o Centro Médico Militar Walter Reed, após teste positivo para Covid-19 - Saul Loeb/ AFP
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, embarca para o Centro Médico Militar Walter Reed, após teste positivo para Covid-19Saul Loeb/ AFP
Por AFP
Washington - O presidente americano, Donald Trump, hospitalizado com covid-19, está "muito bem" e não precisa de ajuda para respirar, disse neste sábado sua equipe médica, embora uma fonte do entorno presidencial tenha advertido que sua recuperação não está garantida.

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Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, embarca para o Centro Médico Militar Walter Reed, após teste positivo para Covid-19 Saul Loeb/ AFP
O presidente Donald Trump passará os próximos dias em um hospital militar nos arredores de Washington para se submeter a tratamento para o coronavírus, mas continuará trabalhando, disse a Casa Branca sexta-feira AFP
Chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, caminha para falar com a imprensa enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, está internado Brendan Smialowski / AFP
Um manifestante segura um cartaz com os dizeres 'Notícias falsas - Trump testou positivo' para protestar contra máscaras na Alemanha SEBASTIEN BOZON / AFP


Trump, de 74 anos, está "muito bem", não teve febre nas últimas 24 horas e seus sintomas melhoram, informou o médico da Casa Branca, Sean Conley, durante coletiva de imprensa em frente ao hospital militar Walter Reed, perto de Washington, aonde o presidente deu entrada na sexta-feira.

O nível de saturação de oxigênio no sangue do presidente é de 96%, razão pela qual precisa de oxigênio adicional, e a tosse, a congestão nasal e a fadiga estão melhorando, acrescentou.

No entanto, poucos minutos depois outra fonte apresentou um panorama diferente.

"Os sinais vitais do presidente nas últimas 24 horas têm sido muito preocupantes e as próximas 48 horas serão críticas no que diz respeito a seus cuidados. Ainda não estamos em um caminho claro rumo à sua completa recuperação", disse a fonte, que falou sob a condição do anonimato.

Em exatamente um mês, em 3 de novembro, os americanos vão votar para decidir se Trump permanecerá na Casa Branca para um novo mandato ou se põem em seu lugar o adversário democrata, Joe Biden.

Mas a campanha eleitoral, já duramente afetada pela pandemia, sofreu um novo golpe com o contágio do presidente e de um número crescente de republicanos.

Também há incertezas sobre os próximos debates televisionados, inclusive o previsto para o dia 7, que confrontará o colega de chapa do presidente, o vice Mike Pence, e a senadora Kamala Harris, candidata a vice de Biden.

O segundo debate entre Trump e Biden, previsto para 15 de outubro em Miami, dependerá da evolução do quadro do presidente.

Alguns observadores já se interrogam sobre as consequências institucionais de um eventual impedimento para que Trump continue: o vice-presidente - que testou negativo para o coronavírus - assumiria o comando do país e da campanha republicana.

A Casa Branca está vinculada a vários contágios. A lista de pessoas próximas a Trump infectadas está em crescimento: sua esposa Melania, sua assessora Hope Hicks, seu chefe de campanha Bill Stepien, três senadores republicanos e sua ex-assessora Kellyanne Conway... Além de três jornalistas credenciados.

Também neste sábado soube-se que o senador Ron Johnson e Chris Christie, que ajudou Trump a se preparar para o debate de terça-feira passada contra Biden, também testaram positivo para a covid-19.

No sábado passado, com dezenas de convidados na Casa Branca para a posse da juíza Amy Coney Barrett para a Suprema Corte, as câmeras capturaram uma série de apertos de mãos e abraços, e a maioria dos convidados não usava máscara, uma prática evidente entre os republicanos como um sinal de lealdade.

Tratamento 
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Após o anúncio de seu exame positivo na madrugada de sexta-feira, Trump tuitou duas vezes: postou um vídeo de 18 segundos gravado na mansão presidencial, no qual anunciou que seria internado, e uma mensagem por volta da meia-noite, na qual escreveu: "Acho que tudo está correndo bem. Obrigado a todos. AMOR!!!!".

Segundo seu porta-voz, Kayleigh McEnany, a hospitalização deve durar alguns dias e foi adotada por "precaução". Ele também informou que o presidente estava recebendo o antiviral remdesivir.

Na sexta-feira, Conley disse que o presidente também havia recebido uma dose do coquetel de anticorpos Regeneron, um tratamento intravenoso que está em fase de testes clínicos e ainda não teve luz verde dos reguladores.

A hidroxicloroquina, que Trump disse ter tomado um tempo preventivamente, não faz parte de seu tratamento.

O presidente não bebe, nem fuma, mas aos 74 anos e com mais de 100 quilos, é considerado do grupo de risco para o novo coronavírus, que já matou mais de 207.000 pessoas nos Estados Unidos, o país mais afetado do mundo pela pandemia.

Biden continua em campanha
A campanha de Trump parou. Sua equipe anunciou que todos os eventos previstos serão virtuais ou serão adiados temporariamente.

Trump tem sido criticado pela gestão da crise sanitária e acusado de falta de empatia com as vítimas do vírus, assim como de enviar mensagens contraditórias sobre sua gravidade, os tratamentos e as recomendações dos especialistas para contê-lo, especialmente o uso de máscaras.

E enquanto Trump convalesce, Biden continua com sua campanha, após ter sido alvo de deboche do presidente por se cuidar para não se infectar com o novo coronavírus.

Depois de desejar uma "pronta recuperação" ao presidente e à primeira-dama, Biden, que testou negativo para o vírus, deu uma alfinetada.

"Não se trata de se fazer de durão. Trata-se de fazer sua parte. Usar a máscara não só protege a gente, mas também a quem nos cerca", disse na sexta-feira o democrata de 77 anos em um evento em Grand Rapids, Michigan, um estado-chave para se chegar à Casa Branca.

Trump se somou à lista de líderes mundiais infectados com a covid-19, que inclui o presidente Jair Bolsonaro; o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson; e a presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, entre outros.