“Fui convidada a fazer parte de uma equipe de advogados que está atuando em vários estados, acompanhando a contagem dos votos presidenciais”, contou hoje (6) à Agência Brasil a advogada que tem cidadania norte-americana, e está em Atlanta, capital do estado da Geórgia.
“Às vezes, as pessoas não preenchem direito [a cédula] e a máquina não consegue ler o voto. Como estas pessoas têm o direito de terem seus votos contados, [as cédulas] são separadas e conferidas por três pessoas: um representante do Partido Republicano, um do Partido Democrata e um funcionário do governo estadual que, juntos, determinam se é possível determinar em quem a pessoa votou”, explicou a advogada.
Recontagem
“Nosso papel é supervisionar e tentar determinar a validade dos votos. Não podemos comentar índices de fraudes […] Tudo é possível, mas tentamos fazer que não ocorram irregularidades nestes estados que estamos acompanhando”, disse Ingrid, lembrando que cabe à Justiça analisar eventuais denúncias e apontar se há ou não problemas.
Sistema americano
“Aqui também não é um voto por pessoa. Não basta contar milhões de votos [para declarar o vencedor]. É um modelo completamente diferente do brasileiro. O sistema norte-americano é todo ele baseado na proporcionalidade. Dependendo [do tamanho] da população, cada estado tem um peso. Muitos norte-americanos não entendem direito este sistema, que exige uma aula de horas para ser explicado”, comentou Ingrid.
Perguntada se, como membro do Partido Republicano, concorda com a estratégia da equipe de Donald Trump questionar, na Justiça, o resultado de estados-chave que podem decidir quem será o futuro presidente, se Trump ou o democrata Joe Biden, Ingrid foi sucinta. “A questão é que os dois partidos querem determinar que todos os votos legais sejam contados. É isto que republicanos e democratas querem. Todo cidadão quer chegar a um resultado correto, independentemente de quem vai ganhar. Todos os votos legais devem ser contabilizados”, disse a advogada, reconhecendo que, para além de exigências simples previstas em lei, como idade mínima, comprovante de domicílio no estado e título eleitoral válido, a controvérsia sobre a legalidade do voto está se dando, principalmente, em torno da data em que parte dos votos enviados pelos Correios foi recebida, e até quando estes devem ser contabilizados.