"Acredito que, em algum momento, provavelmente nos próximos dias, com o avanço da contagem e talvez a rejeição de alguns recursos legais, veremos que as diferenças são muito grandes para esperar uma reversão por meio de ações legais", completou. "Acredito que o assunto será resolvido assim".
O dia 14 de dezembro é a data-limite real, pois é quando os delegados de cada estado devem se reunir no Colégio Eleitoral para escolher formalmente o presidente, uma votação a princípio determinada pela maioria do voto popular nas respectivas demarcações.
Nas eleições de 2000, quando o republicano George W. Bush e o democrata Al Gore disputaram a Casa Branca, o resultado da Flórida foi disputado durante mais de 30 dias, mas a Suprema Corte acabou com a recontagem para que os prazos fossem cumpridos, o que deu a vitória a Bush por uma diferença de pouco mais de 500 votos.
Haverá listas rivais de grandes eleitores nos estados contestados?
Este é um cenário "extremamente improvável", afirma Barry Burden, especialista da Universidade de Wisconsin.
"O mero fato de que algumas pessoas o mencionem é preocupante (...) Se pensava que a democracia americana havia alcançado um grau de maturidade no qual este tipo de comportamento não aconteceria", completou.
Em tal cenário, que segundo Burden atenta contra "as normas e procedimentos para designar um presidente", o Parlamento de maioria republicana de um ou vários estados em que a vitória democrata foi contestada poderia designar delegados de seu partido, em vez de validar a lista democrata que reflete os resultados do voto popular.
A disputa continuaria depois no Congresso, que se reunirá em 6 de janeiro para contar os votos dos grandes eleitores e designar formalmente o vencedor da eleição.
Para que isto aconteça, porém, vários estados-chave teriam de apresentar listas rivais para questionar a vitória de Joe Biden, algo que os analistas entrevistados pela AFP consideram impossível.
Se Trump não reconhecer a derrota?
"É provável que Donald Trump nunca aceite a derrota", disse Burden. "Segue questionando os resultados das eleições de 2016, apesar de ter vencido de forma clara e justa. Assim, é provável que continue questionando pelo resto de sua vida", completou.
Nem por isso Biden deixará de tomar posse como presidente em 20 de janeiro de 2021, mas a postura provocaria dúvidas entre os eleitores republicanos e poderia "deslegitimar" a vitória do democrata, completou. "Talvez semear a dúvida seja o único objetivo da equipe de campanha de Trump".
Fortier disse estar "absolutamente seguro de que acontecerá uma transição pacífica", embora não seja a "mais amigável, ou fluida".
"O melhor seria que admitisse a derrota, mas se a transição for atrasada, tampouco será o fim do mundo", conclui.