George Floyd foi morto asfixiado pelo policial Derek Chauvin em Minnesota, nos Estados Unidos
George Floyd foi morto asfixiado pelo policial Derek Chauvin em Minnesota, nos Estados UnidosReprodução Facebook
Por AFP
Minneapolis - O processo contra o ex-policial branco acusado da morte de George Floyd foi retomado nesta segunda-feira (12) em meio a tensões, depois que a morte de um jovem negro pelas mãos da polícia gerou novos protestos nas ruas de Minneapolis.
Após duas semanas de audiências muito intensas - que muitos canais de televisão transmitem ao vivo - o processo deve ser estendido ao menos até a próxima segunda, anunciou o juiz responsável pelo julgamento, Peter Cahill.
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Cahill falou depois que a defesa do ex-agente Derek Chauvin pediu ao magistrado que isolasse o júri após os tumultos na cidade na noite de domingo pela morte de um jovem negro nas mãos da polícia.
O advogado de Chauvin, Eric Nelson, afirmou que temia que os protestos pudessem influenciar o júri.
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"O veredicto neste caso terá consequências", observou Nelson, perguntando-se se o júri terá confiança para tomar a decisão independentemente de quais sejam as consequências.
Mas tanto a promotoria quanto o juiz se recusaram a isolar o júri.
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"Vamos isolá-los na segunda-feira, quando antecipamos as alegações finais", informou o magistrado.
Chauvin enfrenta acusações de homicídio culposo e doloso em segundo grau por seu papel na morte de Floyd, ocorrida em 25 de maio, após imobilizá-lo colocando o joelho sob seu pescoço quando ele havia sido preso por supostamente ter feito um pagamento com uma nota falsa.
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Vários vídeos mostram Chauvin pressionando o pescoço de Floyd por nove minutos enquanto ele repetidamente lhe diz que não consegue respirar.
As imagens desencadearam uma onda de protestos contra o racismo e a brutalidade policial nos Estados Unidos e no mundo, situação que voltou a ser sentida nas ruas neste final de semana após a morte de Daunte Wright, um jovem afro-americano de 20 anos.
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Os protestos ocorreram no Brooklyn Center, um subúrbio de Minneapolis não muito longe da sede do governo do condado de Hennepin, onde o julgamento de Chauvin acontece.
A polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar uma multidão que se reuniu em frente à delegacia do Brooklyn Center.
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"Acidental" 
À meia-noite local (2H00 de Brasília), a Guarda Nacional seguiu para o local e o prefeito de Brooklyn Center, Mike Elliott, declarou um toque de recolher.
A mãe de Wright afirmou à multidão que o filho ligou para contar que a polícia havia ordenado que ele parasse o veículo, segundo a imprensa local.
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Katie Wright disse que ouviu quando os policiais afirmaram ao filho que soltasse o telefone e depois um dos agentes encerrou a ligação. Pouco depois, a namorada do filho afirmou que ele estava morto.
De acordo com um comunicado do departamento policial de Brooklyn Center, agentes ordenaram o motorista de um veículo a parar por uma infração de trânsito. Quando descobriram que ele tinha uma ordem de detenção pendente, eles tentaram efetuar a prisão.
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O motorista tentou retornar ao veículo e um dos agentes atirou, atingindo o condutor, que morreu no local, segundo a versão policial.
Nesta segunda-feira, o comandante da polícia da cidade de Brooklyn Center, Tim Gannon, afirmou que o agente não queria atirar, mas que confundiu sua arma com seu imobilizador ou pistola taser.
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"O oficial puxou sua pistola em vez do taser", explicou Gannon.
"Foi uma descarga acidental que resultou na morte trágica" de Wright.
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O prefeito de Brooklyn City, Mike Elliott, chamou o tiroteio de "trágico". Tim Walz, governador de Minnesota, estado em que fica Minneapolis, disse lamentar "de novo a perda da vida de um homem negro nas mãos da polícia".
A Casa Branca se pronunciou nesta segunda-feira e afirmou que o incidente é um "lembrete da dor, raiva, trauma e exaustão sentido por muitas comunidades no país".
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A cidade já estava sob tensão com o julgamento de Chauvin.
A promotoria busca provar que a morte de Floyd foi causada por asfixia por parte da ação de Chauvin durante a prisão, e para isso convocou vários médicos para depor.
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Por sua vez, a defesa argumenta que a morte de Floyd está relacionada ao fentanil encontrado em seu sangue, que se soma a fatores de saúde.
Nesta segunda-feira, testemunhou o renomado cardiologista Jonathan Rich, que afirmou que a morte ocorreu devido aos baixos níveis de oxigênio induzidos pela "asfixia posicional" a que foi submetido.
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"Não vejo nenhuma evidência de que uma overdose de fentanil tenha causado a morte de Floyd", ressaltou Rich.