União Europeia se propõe a reforçar o apoio financeiro aos países vizinhos do Afeganistão para evitar a migração em situação ilegal descontroladaAFP

Roma - A União Europeia (UE) se propõe a reforçar o apoio financeiro aos países vizinhos do Afeganistão para evitar a migração em situação ilegal descontrolada e em grande escala, após a tomada do poder por parte dos talibãs - conforme rascunho de uma declaração do bloco.

Os ministros do Interior da UE se reunirão em Bruxelas na terça-feira, 31, para conversas de emergência, buscando alternativas para evitar uma repetição da crise migratória de 2015.

"A UE e os seus Estados-Membros estão determinados a agir em conjunto para prevenir a recorrência de movimentos migratórios ilegais descontrolados e em grande escala que enfrentaram no passado, preparando uma resposta coordenada e ordenada", afirma um projeto de declaração dessa reunião, ao qual a AFP teve acesso nesta segunda-feira, 30.

Para o efeito, a UE "irá envolver e reforçar o seu apoio a países terceiros, em particular os países vizinhos e de trânsito, que acolhem um grande número de migrantes e refugiados, para reforçar as suas capacidades de proteção", diz o projeto do comunicado.

No documento, os países da UE salientam que farão esforços para "garantir que a situação no Afeganistão não crie novas ameaças à segurança dos cidadãos" da Europa.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, pronunciou-se nesta segunda-feira a favor da concessão de ajuda financeira aos países fronteiriços com o Afeganistão, uma vez que terão de acolher um elevado número de refugiados em fuga dos talibãs.

"No que diz respeito aos temas relacionados ao Afeganistão, teremos de fortalecer a cooperação com os países vizinhos. Devemos ajudá-los a lidar com a primeira onda de refugiados", diz Borrell em uma entrevista ao jornal italiano Il Corriere della Sera.

Ajuda aos vizinhos do Afeganistão
O Afeganistão é rodeado por cinco países, sendo três deles ex-repúblicas soviéticas: Tadjiquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, além de Irã e Paquistão.

"Os afegãos que fogem não chegam imediatamente a Roma, mas, mais provavelmente, a Tashkent (capital do Uzbequistão). Temos que ajudar os países que estão na linha de frente", insistiu Borrell.

Ao ser questionado sobre o tema, o político espanhol deixou claro que os países na fronteira com o Afeganistão vão receber ajuda financeira.

"A capacidade da Europa de acolher (refugiados) é limitada e, sem uma cooperação sólida, não se pode fazer nada. Os países vizinhos ficam envolvidos (nessa questão) antes da Europa. Portanto, a resposta é 'sim'. Significa que temos que oferecer apoio financeiro a esses países, como fizemos com a Turquia", em 2016, para lidar com a chegada de refugiados sírios, respondeu Borrell.

Segundo ele, os acontecimentos no Afeganistão mostraram que a Europa deve fortalecer sua "autonomia estratégica" militar e reduzir sua dependência dos Estados Unidos nessa área.

"Propomos a criação de uma força de entrada inicial europeia, capaz de intervir rapidamente em situações de crise", afirmou.

"A União Europeia deve ter a capacidade de proteger seus interesses, quando os americanos não quiserem se envolver", acrescentou.