Em novembro, o furacão Eta atingiu a costa norte caribenha da Nicarágua com ventos de 230 km/h e fortes chuvasAFP

Genebra - Os desastres climáticos quintuplicaram nos últimos 50 anos e provocaram danos importantes, mas os avanços nos sistemas de alerta permitiram reduzir o número de mortes, informou a ONU em um relatório divulgado nesta quarta-feira, 1º.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU estudou a frequência, mortalidade e as perdas econômicas provocadas por desastres vinculados a fenômenos meteorológicos extremos entre 1970 e 2019.

"O número de fenômenos extremos está aumentando. Devido à mudança climática, estes serão mais frequentes e severos em muitas partes do mundo", afirmou em um comunicado o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

Mais de 11 mil desastres atribuídos aos fenômenos extremos foram registrados no mundo desde 1970. Os cálculos apontam que provocaram mais de dois milhões de mortes e danos materiais que superam 3,64 trilhões de dólares.

O furacão Ida que afetou a Louisiana e Mississippi é um exemplo claro. Taalas afirmou que esta pode ser a catástrofe meteorológica mais cara da história, superando ao furacão Katrina em 2005, em Nova Orleans, que custou 163,6 bilhões de dólares.

"A diferença desta vez foi a prevenção", destacou Mami Mizutori, que dirige a Agência das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR, na sigla em inglês), pois os balanços provisórios citam quatro mortes.

Mizutori recordou que, após o Katrina, Nova Orleans investiu 14,5 bilhões de dólares em dispositivos de combates às inundações.

115 mortes diárias
De acordo com a OMM é possível afirmar que, em média, aconteceu um desastre vinculado ao clima a cada dia dos últimos 50 anos, o que provocou as mortes de 115 pessoas e perdas materiais de 202 milhões de dólares por dia.

A organização explica que mais de 91% das mortes aconteceram em países em desenvolvimento.

As secas foram responsáveis pelas perdas humanas mais graves durante o período, com quase 650 mil vítimas fatais, enquanto as tempestades deixaram mais 577 mil falecidos.

As inundações mataram 59 mil pessoas nos últimos 50 anos e as temperaturas extremas quase 56 mil óbitos, segundo o relatório.

Ao mesmo tempo, o documento afirma que, apesar do aumento dos fenômenos climáticos extremos, o número de mortes registrou queda considerável.

O balanço passou de mais de 50 mil mortes por ano na década de 1970 a menos de 20 mil a partir de 2010, indicou a OMM.


Isto significa que, enquanto as décadas de 1970 e 1980 registraram a média de 170 mortes diárias vinculadas a fenômenos climáticos, o número caiu para 90 na década de 1990 e para 40 na década de 2010.


Taalas destacou que os avanços nos sistemas de alerta e gestão permitiram reduzir as mortes.


"Simplesmente estamos melhor preparados que nunca para salvar vidas", disse.



- Mais pessoas expostas -Ao mesmo tempo, a OMM advertiu que ainda resta muito por fazer porque apenas metade dos 193 países membros da organização têm sistemas de alerta.


Também alertou para a necessidade de melhorar as redes de observação meteorológica em países da África, em certas áreas da América Latina e nas ilhas do Pacífico e Caribe.


Mami Mizutori celebrou no comunicado as vidas que foram salvas graças aos sistemas de alerta.


Mas advertiu que "o número de pessoas expostas a riscos aumenta devido ao crescimento da população em áreas que podem sofrer catástrofes e a uma intensidade e frequência crescentes dos fenômenos".


E embora os sistemas de alerta precoce salvem vidas, não protege das perdas econômicas provocadas pelos desastres.


De fato, entre 2010 e 2019 foram registradas 383 milhões de dólares ao dia em danos, sete vezes a mais que os US$ 49 milhões diários registrados nos anos 1970.


Sete dos 10 desastres mais caros dos últimos 50 anos aconteceram depois de 2005, três deles em 2017: os furacões Harvey, com danos de quase 97 bilhões de dólares, Maria (US$ 70 bilhões) e Irma (quase 60 bilhões de dólares de danos).



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