Presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine LagardeAFP

Frankfurt - A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, estimou, nesta quinta-feira, 9, que a economia da zona do euro vai "superar" antes do final do ano seu nível pré-pandemia, após a revisão em alta por parte da instituição de sua projeção de crescimento para 2021.
O BCE aumentou nesta quinta-feira para 5% sua estimativa de crescimento na zona do euro em 2021, em um contexto de reativação econômica após o impacto da pandemia, segundo Lagarde. Isso representa 0,4 ponto percentual a mais do que a previsão anterior, de 4,6%.
Os especialistas do BCE, porém, reduziram levemente sua estimativa de crescimento para 2022 de 4,7% para 4,6%, e para 2023 deixaram inalterada, em 2,1%.
Quanto à inflação na zona do euro, o BCE modificou em alta sua estimativa para 2021, 2022 e 2023. Neste ano, o índice de preços ao consumidor deveria aumentar 2,2%, ou seja, mais do que o objetivo a médio prazo da instituição com sede em Frankfurt, disse Lagarde.
"A economia está se recuperando, mas ainda não estamos na situação que desejamos. Ainda não superamos todas as dificuldades", assegurou Lagarde.
O BCE anunciou ainda que irá desacelerar suas políticas monetárias expansionistas, reduzindo o volume do programa de compra de dívida pública e privada. Uma medida esperada pelos mercados há meses.
A entidade de Frankfurt não esclareceu se pretende normalizar sua política monetária, após as medidas excepcionais adotadas nos últimos anos devido à pandemia de covid-19.
A discussão sobre o futuro da política monetária vai ocorrer "em dezembro", disse Lagarde, que lembrou que o assunto não foi discutido na reunião de governadores desta quinta-feira.
"Chegará a hora" de normalizar a política monetária, afirmou Lagarde, considerando, porém, que agora "é muito cedo".
"O Conselho de governadores decidiu o mínimo possível. Não mudar nada teria sido muito pouco considerando o aumento da inflação", registrado na zona do euro desde a primavera boreal, explicou o analista Jens-Oliver Niklasch, do banco LBBW.
A inflação, que é de 4,6% até o momento, ficaria em 1,7% em 2022 e 1,5% em 2023. O BCE, porém, indicou que o aumento atual é "amplamente temporário", acrescentou Lagarde durante uma coletiva de imprensa após a reunião do conselho de governadores.
Nesse encontro, o BCE manteve suas principais taxas em seu nível mais baixo da história.
A principal taxa de juros permaneceu em zero e os bancos estarão sujeitos a uma retenção de 0,5% sobre os depósitos que fizerem ao banco central, em vez de emprestá-los aos seus clientes.