Secretário-geral da ONU, António GuterresAFP
Chefe da ONU considera 'muito importante' conversar com Talibã
'É impossível fornecer ajuda humanitária no Afeganistão sem falar com as autoridades de fato do país', disse António Guterres
Genebra - O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou, nesta segunda-feira, 13, "muito importante" que as Nações Unidas falem com o Talibã para facilitar a entrega e distribuição de ajuda humanitária no Afeganistão.
"É impossível fornecer ajuda humanitária no Afeganistão sem falar com as autoridades de fato do país", disse Guterres em entrevista coletiva à margem de uma reunião ministerial em Genebra, na qual a ONU pediu 600 milhões de dólares em ajuda para organizações humanitárias no país.
"Acredito que é muito importante discutir com o Talibã neste momento por todos os aspectos que preocupam a comunidade internacional, seja o terrorismo, direitos humanos, drogas ou a natureza do governo", acrescentou.
Quase um mês depois de os fundamentalistas islâmicos assumirem o poder, Guterres enfatizou que a ONU está "firmemente comprometida em fornecer ajuda humanitária ao povo afegão".
"E, é claro, estamos muito preocupados em garantir que a ajuda humanitária sirva como uma alavanca para obter um compromisso real do Talibã em todos os outros aspectos que preocupam a comunidade internacional", como os direitos humanos, explicou.
"Se quisermos promover os direitos humanos para o povo afegão, a melhor maneira é avançar com a ajuda humanitária, dialogar com o Talibã e aproveitar essa ajuda humanitária para pressionar pela implementação desses direitos", disse ele.
Guterres enfatizou, porém, que "a ajuda humanitária não vai resolver o problema se a economia afegã entrar em colapso. Sabemos que o risco é enorme".
Apontando a "terrível escassez de liquidez" no Afeganistão, o chefe da ONU exortou a comunidade internacional a encontrar mecanismos "para garantir que não deixemos a economia afegã entrar em colapso", já que muitos países se recusam a fornecer ajuda direta ao novo regime numa tentativa de fazê-lo perder força.
"Apelo à comunidade internacional para que encontre formas de permitir uma injeção de liquidez na economia afegã, a fim de permitir que a economia respire e, assim, evitar um colapso que teria consequências devastadoras para o povo afegão e que poderia desencadear um êxodo maciço, com consequências que vocês podem imaginar para a estabilidade dos países da região", lançou.
"Não acho que se as autoridades de um país se comportam mal, a solução é punir coletivamente o povo", concluiu.
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