Alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle BacheletONU News/Daniel Johnson

A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, disse nesta segunda-feira, 13, que ficou "decepcionada" com a falta de diversidade do governo talibã no Afeganistão e manifestou sua preocupação com o tratamento de mulheres e membros da dissidência.
"Estou decepcionada com a falta de inclusão no que chamam de governo de transição, que não inclui nenhuma mulher, e poucos membros não pashtuns", declarou Bachelet na abertura da 48ª sessão do Conselho de Direitos Humanos em Genebra.
Todos os membros do governo dirigido por Mohammad Hassan Akhund são talibãs. Akhund era um colaborador próximo do fundador do movimento talibã, mulá Omar, morto em 2013.
A ex-presidente do Chile disse ainda estar preocupada com o fato de, "ao contrário dos compromissos dos talibãs de defender os direitos das mulheres, nas últimas três semanas, as mulheres foram progressivamente excluídas da esfera pública".
Bachelet denunciou a busca "porta a porta" de membros do antigo governo, de militares, ou de pessoas que trabalharam para as forças estrangeiras presentes no país, assim como as ameaças e tentativas de intimidação contra ONGs e funcionários da ONU.
"Em alguns casos, altos funcionários foram libertados, em outros, foram encontrados mortos", relatou, denunciando a repressão "cada vez mais violenta" das manifestações pacíficas em todo país, assim como dos jornalistas que cobrem estes protestos.
Bachelet reiterou seus apelos ao Conselho para que adote um mecanismo específico que permita acompanhar de perto a evolução da situação dos direitos humanos no país e manter o Conselho informado.