Após 20 anos, o Talibã voltou ao poder no Afeganistão no último dia 15 de agostoAFP
Talibã investiga ex-membros do governo afegão em busca de renda ilícita
Esta investigação pode levar ao congelamento de bens e contas de ex-funcionários, ministros e cargos eletivos, explicou à AFP um diretor do 'Afghanistan Bank', o Banco Central do país
Cabul - O Talibã está investigando as contas bancárias de ex-funcionários de alto escalão do governo afegão derrubado pelo grupo, em busca de eventuais rendas ilícitas - disseram dois diretores do setor responsável, nesta terça-feira, 14.
Esta investigação pode levar ao congelamento de bens e contas de ex-funcionários, ministros e cargos eletivos, explicou à AFP um diretor do 'Afghanistan Bank', o Banco Central do país, que não quis se identificar.
Um funcionário de um banco privado confirmou que uma equipe de "auditoria" dos talibãs se apresentou para examinar as contas de alguns ex-funcionários do governo deposto em 15 de agosto. Foi nesta data que os rebeldes tomaram o controle da capital do país, Cabul.
Durante o governo do então presidente Ashraf Ghani, a corrupção foi endêmica e generalizada. Milhões de dólares recebidos pelo país em ajuda estrangeira teriam sido desviados.
O próprio Ghani é acusado de levar milhões de dólares com ele quando fugiu para Abu Dhabi. O ex-presidente nega.
Um vídeo postado nas redes sociais por várias contas dos talibãs mostra milhões de dólares em dinheiro em espécie e barras de ouro, quer teriam sido encontrados na residência do ex-vice-presidente Amrullah Saleh, em Panshir.
Na gravação, da qual a AFP não conseguiu verificar a autenticidade com fontes independentes, os talibãs aparecem sentados no chão, contando dinheiro e ouro. Tudo isso teria sido encontrado dentro de malas.
Um deles relata ter encontrado US$ 100.000 um dia depois de os talibãs assumirem o controle do Vale do Panshir no início de setembro e, um pouco mais tarde, US$ 6,2 milhões e 18 barras de ouro.
A investigação do novo regime acontece em um momento de grande escassez de liquidez da economia nacional. Para evitar o colapso do sistema bancário, por exemplo, cada afegão agora pode sacar apenas o equivalente a US$ 200 por semana.
O Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) suspenderam sua ajuda ao país, e os Estados Unidos congelaram as reservas do Banco Central afegão em Washington.
No total, o Afeganistão estaria sem acesso a um montante de cerca de US$ 9 bilhões em ajudas, empréstimos e ativo, tuitou Ajmal Ahmady, ex-presidente interino do Banco Central afegão, na semana passada.
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