Otoniel é principal chefe do narcotráfico na ColômbiaAFP
Otoniel lidera o Clã do Golfo, a principal quadrilha criminosa da Colômbia. Não era procurado apenas pelas autoridades locais: os Estados Unidos ofereciam até US$ 5 milhões por informações sobre seu paradeiro ou que permitissem sua captura.
A justiça americana o acusa de liderar uma organização "fortemente armada, extremamente violenta", que "usa a violência e a intimidação" para controlar as rotas do tráfico de drogas e laboratórios de processamento de cocaína.
Para capturá-lo, a polícia colombiana antecipou "um trabalho por satélite contra ele com agências dos Estados Unidos e do Reino Unido", explicou o diretor da instituição, general Jorge Vargas. Cerca de 500 militares, apoiados por 22 helicópteros, participaram da operação.
Negócio familiar
Montou um aparato criminoso com presença em quase 300 dos 1.102 municípios do país, principalmente no Pacífico, um local estratégico para o envio de cargas de drogas, segundo o centro de estudos independente Indepaz.
"Tem um portfólio amplo de atividades criminosas, que incluem garimpo ilegal e a passagem de imigrantes para o Panamá", explicou à AFP o especialista em segurança Ariel Ávila.
Segundo o centro de investigação do crime organizado InSight Crime, o Clã do Golfo também atua na contratação de gangues de rua locais para realizar em seu nome atividades de microtráfico, extorsão e pistolagem.
Otoniel, sétimo dos nove filhos de Ana Celsa David e Juan de Dios Úsuga, um casal que diz ganhar a vida com a venda de porcos, galinhas e gado no departamento de Antioquia (noroeste), usava táticas de guerrilha para burlar a força pública.
O líder criminoso viajava sozinho, a pé ou em mula, e nunca dormia duas noites seguidas no mesmo lugar, relataram as autoridades colombianas.
Nos últimos dias da perseguição, adentrou na mata virgem da região de Urabá, de onde é originário, e se desfez de seus telefones, substituindo-os por correios humanos.
"Não muito ideologizado"
Úsuga não fez parte do processo de paz que pôs fim a 26 anos de luta armada deste grupo rebelde e entre 1993 e 1994 uniu-se às Autodefesas Camponesas de Córdoba e Urabá (ACCU), uma organização paramilitar de extrema direita, criada para combater as guerrilhas e com ligações com o narcotráfico. "Era um camponês não muito ideologizado", afirmou Ávila.
A ACCU fez parte das Autodefesas Unidas da Colômbia, que se desmobilizaram em 2006 por iniciativa do governo de Álvaro Uribe (2002-2010).
Mas, segundo o analista, Otoniel se sentiu "desapontado" com o processo de submissão à justiça e decidiu se manter na ilegalidade.
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