Líderes do G20 se reúnem em Roma, capital da Itália, para primeira reunião do grupo desde o início da pandemiaAFP
O G20 aprovou "um acordo histórico sobre novas regras tributárias internacionais, incluindo um imposto mínimo mundial que poderia acabar com a prejudicial corrida para o fundo do poço em impostos corporativos", celebrou a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, em um comunicado.
Essa reforma, cuja aprovação foi dada como certa depois que 136 países deram sinal verde no início de outubro ao pacto negociado sob a égide da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é até agora o único anúncio da cúpula realizada em Roma.
Os líderes do G20 aproveitaram a primeira cúpula presencial desde Osaka em 2019 para fazer também reuniões paralelas, como as do presidente da Argentina, Alberto Fernández, em plena renegociação da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Fernández lançou assim uma ofensiva diplomática com dirigentes da Alemanha, França, Espanha e União Europeia (UE), antes de se reunir à tarde com a chefe do FMI, Kristalina Georgieva, na embaixada argentina da capital italiana.
“Se ainda não fechamos um acordo [com o FMI] é porque não vamos nos ajoelhar”, alertou Fernández na quarta-feira antes de viajar para a Itália. Ele renegocia com a instituição monetária uma dívida de 44 bilhões de dólares.
"Parem de jogar e escutem"
"Pedimos aos líderes do G20 que parem de jogar uns com os outros e escutem por fim o povo e ajam em favor do clima como a ciência reivindica há anos", declarou à AFP Simone Ficicchia, de 19 anos, ativista do Fridays for Futuro.
Porém, no "La Nube", o ultramoderno Centro de Congressos construído em um bairro idealizado pelo ditador Benito Mussolini na primeira metade do século XX, não se esperam grandes avanços nos temas da reunião de líderes, que também inclui a luta contra a covid-19.
Sobre o clima, “existem dois debates paralelos: devemos aumentar a nossa ambição comum ao nível do G20, reforçando as metas da neutralidade climática (...)? E quais são as metas concretas?”, questionou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, ao chegar.
As negociações parecem ainda mais complicadas, já que alguns governantes participaram por videoconferência, como os presidentes mexicano, Andrés Manuel López Obrador; chinês, Xi Jinping; e russo, Vladimir Putin; bem como o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
"Moralmente inaceitável"
E, em sua primeira intervenção, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, cujo país tem a presidência pro tempore do G20, classificou como "moralmente inaceitável" os diferentes níveis de vacinação entre os países mais e menos desenvolvidos.
“Acreditamos que cabe ao G20 esforços adicionais para produzir vacinas, medicamentos e tratamentos nos países em desenvolvimento”, disse o presidente Jair Bolsonaro durante a plenária, segundo discurso divulgado por seu gabinete.
O G20 expressou seu apoio à meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de atingir 40% da população vacinada contra a covid-19 em 2021 e 70% até meados de 2022, mas as ONGs aguardam compromissos concretos dos líderes para ajudar os países pobres.
Tanto Xi quanto Putin pediram aos líderes do G20 o "reconhecimento mútuo" das vacinas produzidas em seus respectivos países, de acordo com seus discursos transmitidos por seus respectivos canais de televisão estatal. “Todos os países que precisam não podem ter acesso às vacinas”, disse o russo.
Depois de uma prévia na sexta-feira marcada pela diplomacia do Papa Francisco, os encontros paralelos continuaram neste sábado, inclusive sobre a reativação do acordo nuclear com o Irã entre os líderes da França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos.
Em uma declaração conjunta, os líderes dessas quatro nações ocidentais expressaram "viva e crescente preocupação" com a violação de Teerã do acordo de 2015 sobre o programa nuclear iraniano, urgindo uma "mudança de rumo".
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