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Autoridades sudanesas libertaram vários políticos detidos após o golpe militar de 25 de outubro, em cumprimento ao acordo assinado no domingo entre os generais e o primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, disse um dos beneficiários à AFP nesta segunda-feira, 22.
"Fui libertado à noite (no domingo) depois de ficar detido e isolado desde 25 de outubro", disse Omar al Daguir, líder do Partido do Congresso.
O primeiro-ministro Abdullah Hamdok, detido e colocado sob vigilância após o golpe, reapareceu em público pela primeira vez no domingo. Junto com o general Abdel Fattah al Burhan, ele assinou um acordo de 14 pontos que prevê seu retorno como primeiro-ministro e a libertação das autoridades civis.
Al Daguir afirma que outras personalidades políticas importantes foram libertadas. Entre eles, os dirigentes do partido al Oumma, o mais influente do país. Mas nada se sabe sobre os líderes civis que participaram, junto com o exército, das instituições de transição e também foram detidos.
Nesta segunda-feira, grande parte dos ministros, 12 de 17, das Forças pela Liberdade e Mudança, principal bloco de defesa dos direitos, anunciaram em nota "sua renúncia" após reafirmar na véspera que "não, não há possibilidade de negociação, nem associação "com" os golpistas.
Nas últimas semanas, os sudaneses fizeram grandes manifestações contra o poder militar e pela libertação de civis detidos, apesar de uma repressão sangrenta que deixou 41 mortos, centenas de feridos e cortes nas comunicações. Os manifestantes, que até agora desfilaram com fotos de Hamdok, a quem consideravam o único líder "legítimo" do Sudão, destruíram seu retrato no domingo por trair a "revolução" de 2019.
Os militares e Hamdok esperam continuar a transição democrática depois que o acordo foi assinado no domingo. Mas, de acordo com analistas, o general Burhan teria conseguido principalmente acalmar a comunidade internacional e manter o controle sobre a transição.
Os militares mais uma vez reiteraram nesta segunda-feira sua promessa de conduzir o Sudão a "eleições livres e transparentes em julho de 2023", neste país sob ditaduras militares quase ininterruptas desde sua independência, há 65 anos.