Ministro do Interior, Karl Nehammer tomou posse como chanceler da Áustria nesta segunda-feiraAFP
O novo líder conservador, de 49 anos, fez o juramento diante do presidente Alexander Van der Bellen em uma cerimônia em Viena.
Seu antecessor, Alexander Schallenberg, que ocupava o posto de forma interina apresentou o pedido de renúncia na quinta-feira passada, poucas horas depois de o ex-chanceler Sebastian Kurz anunciar sua aposentadoria da política e que deixaria a presidência do partido ÖVP, após o escândalo de corrupção que frustrou seu governo.
Na sexta-feira, o partido governista nomeou Nehammer para a liderança da formação e para assumir o posto de chefe de Governo.
Sua primeira missão, como o chefe de Estado lembrou, será administrar a pandemia de covid-19 e "não fazer falsas promessas".
Em um breve discurso, Nehammer destacou a urgência de começar a trabalhar. Nesse sentido, pretende anunciar na quarta-feira as modalidades de saída do confinamento, imposto no dia 22 de novembro por 20 dias.
"O coronavírus está cansando as pessoas. E para muitos, o limite do razoável foi ultrapassado", disse ele, prometendo "diálogo e escuta" - qualidades elogiadas neste líder conservador - para superar as "divisões".
O desafio do desconfinamento
Posteriormente, ampliou as restrições aos vacinados, afetando também lojas, restaurantes e locais de entretenimento, embora tenha isentado as escolas.
Também se distanciou do bloco europeu com o anúncio da política de vacinação obrigatória prevista para 2022.
De acordo com o projeto de lei divulgado pelos meios de comunicação, a multa que uma pessoa com mais de 14 anos por não ter sido vacinada será de 600 euros e poderá ser renovada de três em três meses.
Mas Nehammer terá que enfrentar uma parte da população que se opõe a essas medidas. No sábado, mais de 40 mil pessoas se manifestaram na capital.
Neste difícil contexto, o novo chanceler, que se caracteriza por uma barba de três dias e têmporas grisalhas, deve acabar com a instabilidade no país alpino.
Desde 2016, a Áustria mudou seus chanceleres cinco vezes. Nehammer ingressou no governo no início de 2020 e é considerado uma pessoa "leal" à sua formação conservadora, o ÖVP.
Embora não faça parte de seu círculo próximo, ele é "um seguidor leal de Sebastian Kurz", com quem compartilha a linha dura em relação ao direito de asilo, observa o cientista político Patrick Moreau.
Mas, ao contrário do ex-chanceler, que personificava uma imagem mais jovem do partido, Nehammer é considerado da velha guarda, embora "consensual".
'Estabilizar' o país
Esta formação sem precedentes foi colocada à prova este ano por várias diferenças ideológicas, mas principalmente por uma série de processos judiciais.
O escândalo que acabou com a carreira de Kurz - que assumiu o cargo com 31 anos em 2017 e se tornou o chefe de Governo eleito mais jovem do mundo - explodiu em outubro.
O Ministério Público fez uma operação de busca em seu gabinete e várias sedes oficiais, incluindo a chancelaria e o ministério das Finanças, no âmbito de uma investigação sobre acusações de que ele teria utilizado dinheiro público em uma troca de espaços publicitários por artigos elogiosos e pesquisas favoráveis.
Kurz sempre negou as acusações e afirmou que espera provar sua inocência na justiça, mas na semana passada anunciou que desejava iniciar um "novo capítulo". Também declarou que estava "esgotado" com as acusações recentes.
Desde a saída de Kurz, o partido conservador, no poder desde 1987, perdeu o primeiro lugar nas pesquisas. O novo chanceler terá que restaurar a imagem do partido e tentar manter o equilíbrio até as próximas eleições de 2024.
Assim, o primeiro ato de Nehammer foi reestruturar o gabinete, nomeando Schallenberg para seu antigo cargo de ministro das Relações Exteriores e mudando o chefe das pastas de Finanças, Interior e Educação.
Assim que ele nomeou seus ministros, uma polêmica começou. Gerhard Karner, que deveria ser o novo ministro do Interior, é prefeito da cidade que abriga um museu considerado pouco crítico ao chanceler austríaco Engelbert Dollfuss (1892-1934), que liderou um regime autoritário conhecido como "austrofascismo". Os Verdes pediram que ele "esclareça" sua posição sobre o assunto.
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