Presidente da Rússia, Vladimir PutinAFP
"Se vocês virem pessoas que queiram ir voluntariamente, e não por dinheiro, para ajudar as pessoas que vivem no Donbass (leste da Ucrânia), vocês têm que abordá-las e facilitar para elas a forma de chegar à zona de combate", disse Putin, respondendo a uma proposta de seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu.
De acordo com o presidente, isso se justifica, porque "os sócios ocidentais do regime ucraniano nem sequer se escondem" e reúnem abertamente "mercenários de todo mundo para enviá-los para a Ucrânia".
A Ucrânia anunciou a criação de uma legião de estrangeiros voluntários integrada às suas Forças Armadas para combater os militares russos em seu território.
Há anos, a Rússia é acusada de recorrer a paramilitares privados, como os do nebuloso grupo Wagner, e de implantá-los em territórios de conflito como a Síria, a República Centro-Africana, ou o Mali. O governo russo também é acusada de ter formado, desta maneira, a rebelião separatista armada pró-Moscou no Donbass ucraniano em 2014.
O ministro Shoigu "disse, acima de tudo, que a maioria dos que querem e pediram (para ir combater) são cidadãos de países do Oriente Médio, são sírios", especificou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
A Rússia fornece apoio militar considerável ao governo sírio desde o outono de 2015, apoiando suas forças contra rebeldes e jihadistas, salvando, "de facto", o poder de Bashar al-Assad, que agora já controla a maior parte do território. "Se o mundo ocidental é tão entusiasta da ideia de que venham mercenários diversos e variados, então, do nosso lado, também temos voluntários que querem participar", afirmou Peskov, acrescentando que não se trata de enviar combatentes voluntários russos para o terreno.
Armar forças separatistas do leste
Os países da Otan mobilizaram milhares de militares na Europa Central e Oriental em reação à intervenção militar da Rússia na Ucrânia, enquanto a Rússia exige exatamente o oposto: a retirada da Aliança Transatlântica. Entre os países-membros da Otan, Polônia e três Estados bálticos fazem fronteira com a Rússia. A Ucrânia é, por sua vez, limítrofe com outros Estados-Membros: Hungria, Romênia e Eslováquia.
Uma das justificativas russas para a ofensiva na Ucrânia é o temor de que este país se junte à Aliança Atlântica, cujas ampliações sucessivas foram percebidas por Moscou como uma ameaça existencial.
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