Gás natural representa apenas cerca de 5% da matriz energética da FinlândiaReprodução

Após acordo, Israel passará a enviar mais gás natural liquefeito (GNL) para a União Europeia (UE), através do Egito, que tem as instalações adequadas para liquefazer o gás para exportação por mar. A informação foi divulgada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A medida acontece por conta da pretensão de países europeus de reduzir a dependência de suprimentos russos no contexto de sua guerra contra a Ucrânia.
"Sabe-se que a guerra russa contra a Ucrânia expôs nossa dependência europeia dos combustíveis fósseis russos e queremos nos livrar dessa dependência", disse von der Leyen em entrevista coletiva conjunta com o presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sissi. Em 2021, a União Europeia importou cerca de 40% de seu gás da Rússia e teve dificuldade para impor sanções ao país em função da guerra na Ucrânia.
Von der Leyen, que visitou Israel no início desta semana, disse ainda que o acordo faz parte dos esforços da Europa para diversificar as fontes de energia da Rússia e importar hidrocarbonetos de "outros fornecedores confiáveis". Ela nomeou Israel e Egito, que emergiram como exportadores de gás nos últimos anos após grandes descobertas de offshore.
A ministra de Energia de Israel, Karin Elharrar, reforçou que o acordo foi resultado da invasão da Ucrânia pela Rússia, que causou uma crise energética na Europa. Ela também destacou a crescente cooperação entre Egito e Israel, dois ex-inimigos. "Esta é uma declaração para aqueles que veem em nossa região apenas forças negativas, como divisão e conflito", disse Elharrar.
O ministro egípcio do Petróleo, Tarek el-Molla, descreveu o acordo como "um marco importante" para a cooperação entre Egito, Israel e a UE. Ele disse que levará a uma maior cooperação entre os membros do Fórum de Gás do Mediterrâneo Oriental, que inclui Jordânia, Israel, Chipre, Grécia, Egito, Autoridade Palestina, França e Itália.
Segundo o acordo, o gás israelense será levado por gasoduto para o terminal de GNL do Egito no Mar Mediterrâneo antes de ser transportado por navio-tanque para as costas europeias, disse o Ministério da Energia de Israel.
O Egito, com grandes descobertas recentes, exportou 8,9 bilhões de metros cúbicos de gás natural em 2021 e 4,7 bilhões de metros cúbicos até maio deste ano, segundo a Refinitiv Eikon, fornecedora global de dados financeiros e de mercado. A maior parte das exportações, no entanto, vai para os mercados asiáticos.
Nos últimos anos, o governo de el-Sissi, presidente do Egito, reabilitou e modernizou as instalações. Em 2018, o país assinou um acordo de US$ 15 bilhões com a empresa israelense Delek Drilling e sua parceira estadunidense, Noble Energy, para transportar gás natural para Israel. O Egito pretende criar um centro regional de energia, uma meta que von der Leyen disse que o acordo de quarta-feira ajudará a alcançar.
Enquanto isso, El-Sissi e von der Leyen mantiveram conversas focadas na crise alimentar causada pela invasão russa da Ucrânia O Egito, a nação mais populosa da região, foi duramente impactado pela guerra na Europa, que abalou a economia global.
A autoridade europeia disse que a UE fornecerá 100 milhões de euros (cerca de US$ 105 milhões) como "alívio imediato" para ajudar o Egito, o maior importador de trigo do mundo, a lidar com a insegurança alimentar no curto prazo. "Esperamos que isso ajude a aumentar a capacidade de armazenamento de grãos e forneça financiamento para empresas e agricultores rurais" no Egito, disse ela.