Ucrânia acusa Belarus de atacar seu território com mísseis russosAnatolii Stepanov/AFP
"Um bombardeio maciço de mísseis atingiu a região de Chernihiv", disse o Comando Norte das tropas ucranianas. "Vinte foguetes atingiram a cidade de Desna, lançados do território bielorrusso [e também] do ar", afirmou, acrescentando que os ataques atingiram a infraestrutura, mas não deixaram vítimas.
"O bombardeio de hoje está diretamente relacionado aos esforços do Kremlin para atrair Belarus para a guerra na Ucrânia como co-beligerante", disse a direção-geral dos serviços de inteligência ucranianos, sob o Ministério da Defesa, no Telegram. O ataque ocorre antes da reunião deste sábado entre o presidente russo Vladimir Putin e seu homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko, em São Petersburgo.
Os aliados ocidentais da Ucrânia, por outro lado, se reunirão a partir de domingo em uma cúpula do G7 - as maiores economias do mundo - na Alemanha. Diante de um conflito que corre o risco de se prolongar no tempo, os membros da Otan, da qual a Ucrânia não faz parte, se reunirão em Madri na próxima semana.
Severodonetsk e Lysychansk
Segundo o governador da região de Luhansk, a situação é especialmente difícil na cidade industrial de Severodonetsk, bombardeada por Moscou durante semanas e onde as tropas ucranianas receberam ordens para se retirar na sexta-feira. "(...) 90% da cidade está danificada, 80% das casas terão que ser demolidas", disse o governador.
As forças de Moscou também estão concentrando sua ofensiva na vizinha Lysychansk, que está quase cercada. A situação é sombria para os habitantes que decidiram ficar. Liliya Nesterenko explica que sua casa não tem gás, água e eletricidade, então ela cozinha com sua mãe em uma fogueira. No entanto, esta jovem de 39 anos está otimista. "Acredito em nosso exército ucraniano, eles devem [ser capazes de] enfrentar [os russos]", afirma.
Tanto Severodonetsk quanto Lysychansk são fundamentais para controlar o leste da Ucrânia, controlado parcialmente por separatistas pró-russos desde 2014. Especialistas enfatizam que a retirada dos soldados ucranianos de Severodonetsk não significa necessariamente uma mudança fundamental no terreno.
Guerra lenta
As forças ucranianas estão consolidando "suas forças em posições onde podem se defender melhor", afirmou uma autoridade do Pentágono dos Estados Unidos sob condição de anonimato. Mikolaivka, por exemplo, a cerca de 20 km a sudoeste de Lysychansk, já está nas mãos do exército russo, segundo o governador Gaidai. E agora eles estão tentando "conquistar Hirske", uma cidade vizinha, acrescentou.
Mais ao sul, em Donetsk, a outra região que junto com Luhansk compõe o Donbass, "nenhuma cidade" na área é "segura", disse seu governador Pavlo Kyrylenko, na quinta-feira. A Rússia alegou ter matado "até 80" combatentes poloneses em um bombardeio nesta área, especificamente em Konstantinovka, disse o Ministério da Defesa russo neste sábado. No norte da Ucrânia, a Rússia também intensificou seus ataques a Kharkiv nos últimos dias, onde explosões foram ouvidas no início deste sábado.
Nas últimas semanas, as forças ucranianas tentaram recuperar cidades perdidas no sul. Em Kherson, por exemplo, sob controle russo, um alto comando instalado por Moscou morreu em um ataque com explosivos colocados em seu carro, segundo um oficial pró-Rússia.
'Fraqueza' da Rússia
Mas para o governo russo, a decisão é uma manobra ocidental para conter Moscou geopoliticamente. A decisão "confirma que a tomada do espaço da CEI [Comunidade de Estados Independentes, que agrupa várias ex-repúblicas soviéticas] continua ativamente, a fim de conter a Rússia", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.
Essas condenações do Kremlin apenas "mostram a fraqueza" da Rússia, reagiu o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, no Twitter.
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