A missão de paz da ONU na República Democrática do Congo tem 14.100 soldadosAFP

Três membros da missão de paz da ONU e pelo menos 12 manifestantes morreram na República Democrática do Congo, nesta terça-feira, 26, no segundo dia de protestos contra a organização internacional. Na localidade de Butembo (leste), "foram registrados três mortos entre os integrantes da Monusco (missão da ONU), dois indianos e um marroquino, e um ferido" e, do "lado dos manifestantes, sete mortos e vários feridos", informou à AFP o coronel Paul Ngoma. Trata-se de "um capacete azul e dois membros da polícia das Nações Unidas", declarou a Monusco em nota.
A missão de paz da ONU "condena energicamente este ataque que nada o justifica", prosseguiu a nota. O capacete azul marroquino assassinado "sucumbiu aos ferimentos provocados por armas de fogo", indicou o exército de Marrocos em nota. Horas antes, o porta-voz do governo congolês, Patrick Muyaya, havia relatado "pelo menos cinco mortes" entre os manifestantes em Goma, a capital da província.
Ao longo da manhã, a situação parecia tensa em Butembo, um importante polo econômico regional onde as atividades comerciais estavam paralisadas. Em frente a uma base da Monusco, os manifestantes foram dispersados pelas forças de segurança, segundo testemunhas. Em Goma, a AFP noticiou a morte de um manifestante, atingido na cabeça por uma bala que teria sido disparada de dentro da base logística da Monusco. Mais tarde, uma ambulância do Exército congolês recolheu o corpo, segundo a AFP.
No início da manhã, centenas de manifestantes invadiram os arredores do complexo da Monusco em Goma e atacaram o acampamento de trânsito da missão da organização internacional, localizado perto do centro da cidade. "Não queremos mais a Monusco", ou "bye bye Monusco", diziam as faixas empunhadas por aqueles reunidos para protestar contra a missão da ONU na República Democrática do Congo. As forças de segurança congolesas tentaram conter a multidão perto da base logística.
Ontem, os manifestantes entraram no quartel-general da Monusco, quebrando janelas e paredes, e roubando computadores, móveis e objetos de valor, constatou um jornalista da AFP. Os agentes da Monusco foram retirados em dois helicópteros.
Durante um comício em 15 de julho em Goma, o presidente do Senado, Modeste Bahati, pediu à Monusco que "fizesse as malas", após 22 anos de uma presença que não conseguiu levar a paz para o leste da República Democrática do Congo. Os protestos são promovidos por organizações da sociedade civil e pelo partido do presidente Félix Tshisekedi, a União pela Democracia e o Progresso Social (UDPS)
Presente no país desde 1999, a Monusco é considerada uma das missões mais importantes e caras da ONU, com 14.100 soldados e um orçamento anual de US$ 1 bilhão. Protestos são organizados com frequência na República Democrática do Congo para exigir a saída dos capacetes azuis, acusados de ineficácia na luta contra dezenas de grupos armados locais e estrangeiros que desestabilizam o leste do país há quase 30 anos.AFP