O Papa Francisco, de 85 anos, admite que a idade e o problema no joelho devem influenciar o ritmo da agenda de viagens AFP

Vaticano - O Papa Francisco, de 85 anos, acometido por fortes dores no joelho que o obrigam a se locomover em cadeira de rodas, confidenciou na volta da visita ao Canadá que deve diminuir o ritmo de suas viagens, mencionando inclusive a possibilidade de "se colocar de lado".
"Não acredito que possa manter o mesmo ritmo de viagens de antes. Acredito que na minha idade, e com esses limites, devo me poupar para poder servir à Igreja, ou pelo contrário pensar na possibilidade de me colocar de lado", declarou o pontífice durante uma entrevista coletiva no avião que o trouxe de volta ao Vaticano, na noite de sexta-feira para sábado.
Durante a visita de seis dias, sua 37ª viagem internacional desde sua eleição em 2013, o papa se locomoveu principalmente em cadeira de rodas e pareceu debilitado. Mesmo assim, cumprimentou a multidão a bordo do "papamóvel".
"Esta viagem foi uma espécie de teste: é verdade que não podemos viajar neste estado, talvez tenhamos que mudar um pouco o estilo", admitiu, ao mesmo tempo que confidenciou que "tentaria continuar a viajar, estar perto das pessoas, porque é uma forma de servir, de proximidade".
"Com toda a sinceridade, não é uma catástrofe. Podemos mudar o papa. Não é um problema. Mas acho que tenho que me limitar um pouco, com esses esforços", acrescentou o soberano pontífice.
Desde o início de maio, o jesuíta argentino se locomove em cadeira de rodas ou bengala, enfraquecido por dores no joelho direito. Para aliviar o sofrimento, ele recebe regularmente infiltrações e faz sessões de fisioterapia, segundo o Vaticano.
Jorge Bergoglio, no entanto, descartou a possibilidade de cirurgia, em razão das "sequelas" da anestesia sofrida em julho de 2021 durante sua operação de cólon.
A saúde de Francisco - que já teve parte de um pulmão removido na juventude e sofre de ciática crônica - já havia alimentado especulações durante sua operação no cólon em julho de 2021.
 
Sobre uma possível renúncia, como seu antecessor Bento XVI, o papa repetiu neste sábado que a porta está "aberta".
"Mas até hoje eu não empurrei essa porta. Como dizem, não senti isso, de pensar nessa possibilidade. Mas isso não significa que depois de amanhã eu não vou começar a pensar".
Em 2014, o próprio Francisco contribuiu para alimentar a hipótese de uma possível renúncia, considerando que Bento XVI "abriu uma porta" ao renunciar ao cargo. Mas negou rumores no início de julho de que poderia desistir de seu cargo por causa de seus problemas de saúde.
Três eventos, porém, alimentam as dúvidas, incluindo a realização em 27 de agosto de um consistório para a nomeação de cerca de vinte novos cardeais - entre eles futuros eleitores em caso de conclave, período muito incomum para isso.
No processo, o papa reunirá em Roma cardeais de todo o mundo e viajará para L'Aquila (Abruzzo), para o túmulo de Celestino V, o primeiro papa a renunciar, no século XIII.
Essa conjunção sem precedentes intriga a imprensa italiana e internacional, que a vê como uma oportunidade para o papa anunciar sua decisão ao mundo.
O pontífice argentino também renovou seu desejo de ir a Kiev, sem maiores detalhes, e confirmou o projeto de uma viagem ao Cazaquistão em setembro, para participar de uma cúpula de líderes religiosos.
Indicou ainda que visitaria o Sudão do Sul "antes" de ir à República Democrática do Congo (RDC), quando deveria visitar os dois países no início de julho na mesma viagem, adiada por tempo indeterminado devido ao seu estado de saúde.
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