Secretário-geral da ONU, António GuterresAFP

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse neste domingo, 31, que ficou "indignado" com o incidente fatal envolvendo as forças de paz da ONU na República Democrática do Congo (RDC), na fronteira com Uganda, que custou a vida de duas pessoas.
Militares da Brigada de Intervenção da força da ONU (Monusco) "abriram fogo por razões não explicadas e forçaram a entrada do posto fronteiriço", informou a missão da ONU na RDC.
Guterres manifestou-se "triste e consternado" com o incidente, ocorrido na localidade de Kasindi. Ele expressou "com a maior firmeza a necessidade de estabelecer responsabilidades por esses fatos", e considerou conveniente "a prisão dos militares envolvidos nesse incidente e a abertura imediata de uma investigação", indicou seu vice-porta-voz, Farhan Haq.
Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostra vários homens, entre eles um com uniforme da polícia e outro com uniforme do Exército, avançando em direção ao veículo da ONU no posto de controle de Kasindi, cidade localizada no leste da RDC, no território de Beni. Após uma troca verbal, os capacetes azuis parecem abrir fogo e cruzar a barreira na fronteira de Uganda com o veículo.
O porta-voz do governo da RDC, Patrick Muyaya, ressaltou que as autoridades "condenam firmemente e lamentam o incidente infeliz em que dois compatriotas morreram e outros 15 ficaram feridos, segundo um balanço provisório".
A responsável pela Monusco, Bintou Keita, disse que estava "profundamente impactada e consternada com esse incidente grave". "Diante desse comportamento inqualificável e irresponsável, os autores dos disparos foram identificados e detidos, à espera das conclusões da investigação, que já começou, em colaboração com as autoridades congolesas."
No começo da semana, três capacetes azuis e mais de uma dúzia de pessoas morreram durante protestos contra a missão da ONU em várias cidades na fronteira com Uganda.
Os manifestantes criticam a Monusco por sua incapacidade de deter a violência e os ataques de centenas de grupos armados ativos no leste do país africano.
O subsecretário-geral da ONU para as operações de paz, Jean-Pierre Lacroix, esteve no país africano ontem para discutir a situação com autoridades. “Estudarão fórmulas para que ambos possamos evitar esses incidentes e, sobretudo, trabalhar melhor conjuntamente para alcançarmos nossos objetivos”, destacou.
Presente na RDC desde 1999, a Monuc (Missão da ONU no Congo), que se converteu em Monusco (Missão da ONU para a Estabilização na RDC) em 2010, conta atualmente com mais de 14 mil capacetes azuis e um orçamento anual de 1 bilhão de dólares.