Criança em fonte do parque Andre Citroen, em ParisPhilippe Lopez/AFP
A prefeitura da região parisiense decretou vigilância por "seca" na capital e nos três departamentos circunvizinhos, que assim se unem ao restante dos territórios metropolitanos com advertências semelhantes.
No dia anterior, o instituto de meteorologia Météo-France anunciou que julho se tornou o segundo mês mais seco desde que os registros começaram em 1958, com 9,7 milímetros de chuva. O recorde anterior data de março de 1961 (7,8).
Para Frédéric Long, meteorologista da Météo-France, a situação é "preocupante" devido ao grande número de departamentos em alerta de seca, a que se soma "uma onda de calor que não ajuda neste aspecto".
Em julho, quando os recordes locais de calor foram registrados na França, a precipitação foi 84% menor do que o normal no período 1991-2020, segundo o escritório de meteorologia.
No campo, ambos os fenômenos, aliados às restrições hídricas, preocupam o setor agropecuário, principalmente no caso do milho, cuja produção já está sendo bastante afetada pelo clima.
Prejuízos "enormes"
A onda de calor está concentrada nesta terça no sul, centro e leste da França, com cinco áreas em alerta "laranja" - o segundo mais alto - mas o pico é esperado na quarta-feira com temperaturas de até 40ºC.
E tudo isso quando o governo pediu aos franceses que fizessem "pequenos gestos", como moderar a temperatura do ar condicionado para economizar energia no caso de um corte do fornecimento do gás russo.
Os alertas de seca são acompanhados de recomendações para a redução do consumo de água nos territórios com código “cinza”, até sua limitação para usos essenciais, no caso de código “vermelho”.
Baptiste Cribeillet, um agricultor de 32 anos de Saint-Génis-des Fontaines (sul), teme os efeitos em sua fazenda de 60 hectares de nectarinas ao sul de Perpignan se a irrigação for proibida.
Atualmente, o uso de água está limitado a 50%. “Se passarmos para a próxima fase, não poderemos irrigar de forma alguma e os rejuízos às árvores e às próximas colheitas seriam enormes”, alerta.
"Adaptação humana necessária"
Criticado por sua "inação climática" em seu primeiro mandato, o presidente centrista Emmanuel Macron prometeu que aceleraria neste atual para cortar os gases de efeito estufa. A França, como toda a União Europeia (UE), espera alcançar a neutralidade de carbono até 2050, mas sua estratégia não passa pela "redução", mas sim pela promoção da energia nuclear e das renováveis.
A questão climática, com seca e ondas de calor como os fatores mais visíveis, era tema de muitas das capas de jornais regionais da França nesta terça-feira. O jornal Le Parisien, cuja capa tinha como título "Consumir menos água é possível", explicou alternativas para reduzir o consumo, como reutilizar a água do chuveiro no vaso sanitário ou no jardim.
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