Canadá nomeia primeira juíza indígena ao Supremo TribunalFreepik
Canadá nomeia primeira juíza indígena ao Supremo Tribunal
Michelle O'Bonsawin é membro da Primeira Nação Odanak, em Quebac, e tem especialidade em várias áreas
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, nomeou nesta sexta-feira (19) a juíza indígena Michelle O'Bonsawin para integrar o Supremo Tribunal, uma ação sem precedentes em meio a um processo de reconciliação entre o país e seus povos originários.
Membro da Primeira Nação Odanak, em Quebec, O'Bonsawin fazia parte do Tribunal Superior de Justiça de Ontário desde 2017 e fala francês e inglês. "Com satisfação, anuncio a nomeação da juíza Michelle O'Bonsawin para a Suprema Corte do Canadá, um organismo reconhecido em todo mundo por sua solidez, excelência e independência", disse Trudeau em nota.
O'Bonsawin se especializou em várias áreas no decorrer de sua carreira, entre elas saúde mental e direitos humanos. "Como uma mulher indígena que cresceu no norte de Ontário, percebi a necessidade de pessoas dedicadas a impostarem sua voz para representar aqueles que não podem falar por si mesmos", escreveu em sua carta de apresentação de candidatura divulgada pelo governo.
Um procedimento não vinculante deve ser realizado no final de agosto no Parlamento antes que a magistrada assuma o cargo. No ano passado, Mahmud Jamal se tornou o primeiro membro não branco a ser nomeado para o Tribunal Superior. Nos últimos anos, o Canadá revive um capítulo sombrio de seu passado: o abuso e a morte de crianças indígenas enviadas a internatos dirigidos por católicos entre o final do século XIX e a década de 1990.
Neste período, o governo do Canadá enviou cerca de 150 mil crianças a 139 destas escolas. Os menores foram separados de suas famílias, idiomas e cultura com a intenção de mudar sua identidade. Muitos sofreram abusos físicos e sexuais e estima-se que milhares morreram por doenças, desnutrição e abandono. Durante uma visita ao Canadá no mês passado, o papa Francisco se reuniu com sobreviventes dos internatos e pediu desculpas pelos abusos, que classificou como equivalentes a um genocídio.
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