Camones, do Aliança para o Progresso, havia sido eleita para o cargo seis semanas atrás Divulgação/Congresso do Peru

Lima - O Congresso do Peru destituiu a presidente, a direitista Lady Camones, nesta segunda-feira, 5, depois de aprovar uma moção de censura apresentada após a transmissão de alguns áudios no qual o chefe de seu partido pede para priorizar uma lei que favoreça sua campanha para governador.
"A moção de censura contra a presidente do Congresso da República, Lady Camones, foi aprovada, pelo que o conselho de administração declara a vacância (destituição) do cargo", anunciou a vice-presidente do corpo legislativo, Martha Moyano, após a votação.
A moção de censura obteve 61 votos a favor, 47 contra e 5 abstenções, entre os 113 parlamentares (de um total de 130) que participaram na sessão. Era necessária uma maioria simples para aprová-la.
O pedido foi apresentado por um bloco multipartidário de grupos de esquerda ligados ao governo do presidente Pedro Castillo e partidos de direita que desta vez fizeram causa comum.
Camones, do partido de oposição Aliança para o Progresso (APP), havia sido eleita para o cargo seis semanas atrás por uma grande maioria de seus colegas da bancada.
Os autores da moção de censura chegaram a um consenso para apontar que o Congresso estava sendo colocado a serviço dos interesses privados do chefe do partido da APP, César Acuña.
A destituição de Camones ocorre depois que o portal de notícias Epicentro transmitiu áudios de uma reunião do partido no fim de semana em que Acuña pede para que um projeto de lei para obter votos na região de La Libertad, para a qual concorre a governador em outubro, seja priorizado.
A transmissão dos áudios desencadeou um escândalo midiático que ganhou grandes proporções no fim de semana por estimar que afeta a neutralidade do Congresso em épocas eleitorais.
A eleição de um novo presidente do Congresso, fragmentado entre uma dezena de grupos, mas com maioria de direita, deve acontecer em um prazo de cinco dias, de acordo com o regimento do Legislativo.
"É uma vitória para o governo", disse o candidato da APP a prefeito de Lima, Omar Chehade, ao canal de televisão N.
Entre os partidos de esquerda que apoiam Castillo, que representam quase um terço do Congresso, o resultado surpreendente foi celebrado. Em mais de 13 meses no poder, o presidente convive com a pressão do Ministério Público e o cerco do Congresso, que exige sua renúncia.
Castillo sobreviveu a duas tentativas de destituição por parte do Congresso e o MP não pode levá-lo a julgamento até o fim de seu mandato, em julho de 2026, por seu foro privilegiado,
Após a divulgação dos áudios, o chefe de gabinete da presidência, Aníbal Torres, havia defendido a renúncia da mesa diretora do Congresso,
A última vez que o Congresso havia destituído a presidência ocorrera em 2000, quando a oposição aprovou um voto de censura contra a parlamentar fujimorista Martha Hildebrandt.
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