Corpo da monarca chegou na noite desta terça-feira à capitalJane Barlow/AFP
Londres inicia a despedida da rainha Elizabeth II
'Em casa... pela última vez', afirma jornal britânico; câmara-ardente abrirá as portas às 17h00 do horário local em Westminster Hall
Milhares de britânicos começam a se despedir de Elizabeth II nesta quarta-feira, 14, em Londres, depois que o caixão chegou na noite de terça-feira, 13 - às 14h55 do Horário de Brasília — à capital inglesa, no primeiro dia de homenagens da população a sua rainha e símbolo durante sete décadas. O corpo da monarca veio da Escócia, onde ela morreu na última quinta-feira, 8.
"Bem-vinda a casa Ma'am", afirma a manchete do tabloide The Sun, enquanto o Daily Express destaca: "Em casa... pela última vez". Os jornais publicam em suas primeiras páginas uma fotografia do caixão da rainha entrando no Palácio de Buckingham, onde passou a noite.
Após um momento de oração no palácio na presença do rei Charles III, da rainha consorte Camilla e da família real, o corpo será levado a partir das 14h22 (10h22 de Brasília) em procissão pelo centro de Londres até o Palácio de Westminster.
Charles III e seus irmãos, a princesa Anne e os príncipes Edward e Andrew, assim como seis filhos William — o novo príncipe de Gales — e Harry, acompanharão a pé a comitiva durante o trajeto de 40 minutos até a sede do Parlamento britânico.
Para marcar a ocasião, os sinos do Big Ben serão tocados e salvas de canhão serão disparadas no Hyde Park em homenagem à monarca mais longeva da história do Reino Unido, que exerceu um papel tranquilizador durante a pandemia de covid-19 após décadas no trono.
A câmara-ardente de Elizabeth II, que faleceu aos 96 anos, abrirá as portas às 17h (13h, no horário de Brasília) no Westminster Hall, onde os cidadãos poderão prestar a última homenagem antes do funeral de Estado e do sepultamento previstos para 19 de setembro.
A imprensa britânica especula que quase 750 mil pessoas devem passar pelo local para a despedida da rainha, o que significará filas de quase 10 quilômetros às margens do rio Tâmisa dia e noite até 19 de setembro.
Na manhã desta quarta-feira, os primeiros da fila estavam com cobertores, cadeiras de camping, barracas e capas de chuva, sinais de que passaram a noite no local. Outras pessoas começaram a chegar ao local, diante do olhar atento dos policiais.
"A noite foi bastante úmida, fria e molhada, mas eu tenho uma pequena cadeira e um guarda-chuva grande, então fiquei bem seco. Melhor que os outros!", brincou Dan Ford, policial aposentado de 52 anos, que chegou na terça-feira à tarde com luvas e gorro.
Londres se prepara para receber uma multidão sem precedentes. "Nunca vi nada parecido (...) é possível perceber que estão chegando e que vai ser enorme", disse Rumesh, um guarda posicionado nas imediações de Westminster.
Na terça-feira, 13, milhares de pessoas desafiaram o dia chuvoso para acompanhar, entre aplausos e com as lanternas dos celulares, a chegada do caixão a Buckingham. Quase 33 mil pessoas passaram pela câmara-ardente instalada em Edimburgo na segunda-feira e terça-feira.
As autoridades pediram às pessoas em Londres que usem roupas "adequadas" e alertaram que a espera pode demorar muitas horas, inclusive a noite inteira. O público só poderá entrar no local com uma pequena mochila, mas sem água ou comida.
Hotéis lotados, sistema de transporte perturbado, pubs repletos: a capital britânica se prepara para a grande homenagem popular, que terminará na segunda-feira, 19, às 6h30 (2h30, no horário de Brasília), antes do "funeral do século" na Abadia de Westminster.
Mais de cem chefes de Estado e Governo devem comparecer ao funeral, incluindo o presidente Jair Bolsonaro, o americano, Joe Biden, o rei da Espanha, Felipe VI, e o imperador do Japão, Naruhito I.
Embora um documento da organização que vazou para a imprensa tenha dado a entender que as autoridades teriam que pegar um ônibus para seguir até a abadia, os organizadores explicaram que os aliados mais próximos do Reino Unido podem usar seus próprios meios de transporte.
O enterro da soberana que conheceu 15 primeiros-ministros — o primeiro, Winston Churchill, nascido em 1874 e a atual, Liz Truss, nascida em 1975 — acontecerá no mesmo dia no Castelo de Windsor, em uma cerimônia privada, confirmando o fim de uma era.
Ao mesmo tempo, Charles III assume o poder, mas seus primeiros passos também provocam polêmica, como durante a visita de terça-feira à Irlanda do Norte, parte de uma viagem pelas nações do Reino Unido que terminará na sexta-feira em Gales.
Imagens divulgadas mostram o novo rei irritado com uma caneta utilizada para assinar o livro de honra que parece perder a tinta. "Oh, Deus, eu odeio isso! (...) Eu não aguento essa maldita coisa"", disse o monarca.