Vice-presidente da Nicarágua JAIRO CAJINA / NICARAGUAN PRESIDENCY / AFP

O governo de Daniel Ortega advertiu nesta sexta-feira que o novo embaixador nomeado pelos Estados Unidos para a Nicarágua, Hugo Rodríguez, "não será admitido" no país, devido a suas "posições intervencionistas", reiterando a decisão de não lhe conceder aprovação.
"O senhor Hugo Rodríguez não será admitido em nossa Nicarágua em hipótese alguma, de forma que tenham claro os senhores imperialistas: aqui Hugo Rodríguez não entra", afirmou a vice-presidente, Rosario Murillo, ao ler uma nota da chancelaria na imprensa oficial.
Rosario informou a posição do governo após saber que o Senado dos Estados Unidos havia confirmado ontem Rodríguez como embaixador na Nicarágua, apesar de Manágua ter manifestado em 28 de julho sua rejeição a essa nomeação, citando "declarações desrespeitosas" feitas pelo diplomata durante audiência no Senado.
Rodríguez disse que a Nicarágua "está se tornando cada vez mais um Estado pária dentro da região" e chamou o governo Ortega de ditadura. Também defendeu a retirada da Nicarágua do Cafta (Acordo de Livre-Comércio entre América Central, República Dominicana e Estados Unidos).
Nesta sexta-feira, Rosario Murillo considerou "insólita" a decisão dos Estados Unidos de manter a candidatura de Rodríguez, que chamou de "intervencionista desrespeitoso nada diplomático". Em seguida, leu a nota da chancelaria de rejeição à chegada do diplomata, indicado para o cargo em maio pelo presidente Joe Biden.
"Reiteramos não apenas nossa rejeição, mas também nossa posição inflexível de dignidade nacional que desconhece absolutamente o intervencionismo e a atuação imperialista" dos Estados Unidos, disse Rosario.
Na última quarta-feira, o governo Ortega pediu a saída da embaixadora da União Europeia (UE) na Nicarágua, Bettina Muscheidt, segundo fontes diplomáticas e a imprensa local. O motivo da medida é desconhecido.