O buraco negro não 'engoliu' nada mais desde 2018 Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian

Nova York - Astrônomos do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, nos Estados Unidos, avistaram um buraco negro expelindo restos de uma estrela três anos após destruí-la, algo nunca visto antes. Os cientistas não sabem por que o fluxo do material sofreu os três anos de atraso.
"Isso nos pegou completamente de surpresa", afirmou Yvete Cendes, pesquisadora e principal autora de um novo estudo que analisa o fenômeno, publicado no periódico científico The Astrophysical Journal. "Ninguém nunca viu nada assim antes."
Em outubro de 2018, uma pequena estrela foi rasgada em pedaços quando vagou muito perto desse buraco negro, em uma galáxia a 665 milhões de anos-luz de distância da Terra. A estrela foi esticada e reduzida, em fenômeno conhecido como "espaguetificação". A estrela "espaguetificada", então, foi aquecida e emitiu uma luz que pode ser observada. Foi assim que a equipe descobriu o fenômeno, catalogado pelos astrônomos como AT2018hyz.
O buraco negro não "engoliu" nada mais desde 2018. Ele, então, foi considerado adormecido. Dados do observatório de radioastronomia Very Large Array (VLA), no Novo México, mostraram, no entanto, que ele foi misteriosamente reanimado em junho do ano passado. A pesquisadora Yvete e sua equipe correram para examinar o evento mais de perto.
"Fizemos aplicações em múltiplos telescópios para Tempo Discricionário de Diretor, usado quando encontramos algo inesperado e não podemos esperar pela fila de propostas comum para observá-lo", disse Yvete. "Todas as aplicações foram aceitas imediatamente."
Após observações, a equipe descobriu que houve um silêncio de ondas de rádio pelos três primeiros anos. Agora, o buraco negro está brilhando drasticamente. Outro fato curioso é que, apesar de o buraco negro não ter se "alimentado" de mais nada por três anos, ele está emitindo material a 480 milhões de quilômetros por hora, quase metade da velocidade da luz.
"É como se esse buraco negro começasse a arrotar material da estrela que comeu há anos", explicou Yvete. "Esta é a primeira vez que observamos um atraso tão longo entre a refeição e o fluxo."