Cerimônia de transferência de poder aconteceu no Palácio Chigi, sede do governo, perto do ParlamentoANDREAS SOLARO / AFP

O ex-primeiro-ministro Mario Draghi passou o poder neste domingo, 23, para a política pós-fascista Giorgia Meloni, em uma cerimônia de grande valor simbólico em Roma, que a tornou a primeira mulher a assumir o cargo de chefe de Governo na Itália.
A cerimônia de transferência de poder aconteceu no Palácio Chigi, sede do governo, perto do Parlamento.
Ao chegar ao tapete vermelho posicionado para a ocasião, Meloni passou em revista a guarda de honra.
Visivelmente emocionada, ela foi recebida por Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, que deu as boas-vindas e se reuniu com a nova primeira-ministra durante quase uma hora.
Em seguida, Draghi, muito apreciado no cenário internacional, fez a entrega simbólica do sino de prata usado para conduzir os debates no Conselho de Ministros.
Meloni, 45 anos, vai comandar o governo mais à direita da Itália desde a fundação da República em 1946. No sábado ela prestou juramento diante do presidente da República, Sergio Mattarella.
Ele será a líder de um Executivo conservados graças a uma coalizão com a Liga, partido de ultradireita e anti-imigração de Matteo Salvini, e com o Força Itália do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
A política romana conquistou uma vitória história nas eleições legislativas de 25 de setembro, depois de superar as questões mais polêmicas de seu partido, 'Fratelli d'Italia' (Irmãos da Itália), uma estratégia que a levou ao poder um século depois da ascensão do ditador fascista Benito Mussolini, do qual é admiradora.
As eleições foram convocadas de maneira antecipada após a renúncia de Draghi, que assumiu o cargo de primeiro-ministro em fevereiro de 2021, mas perdeu o apoio de seus aliados.
A primeira reunião do Conselho de Ministros está prevista ainda para este domingo e será dedicada principalmente a questões administrativas.
O novo Executivo - de 24 ministros, incluindo seis mulheres - terá que enfrentar muitos desafios que afetam a Itália, em particular na área econômica.
A margem de manobra de Roma é limitada por uma dívida pública de 150% do Produto Interno Bruto (PIB), a segunda maior proporção na zona do euro, atrás apenas da Grécia.
No sábado, Meloni prometeu trabalhar em proximidade com os parceiros internacionais e sua mensagem foi bem recebida pela União Europeia (UE).
A presidenta da Comissão Europeia (o Executivo da UE), Ursula von der Leyen, disse que espera uma "cooperação construtiva" com o seu governo. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, seguiram a mesma linha.